quarta-feira, 4 de maio de 2011

Ideia de justiça e exercício de poder

Neste texto vou desenvolver dois dos tópicos que o professor nos apresentou que são: o exercício de poder e a ideia de justiça, temas estes presentes na obra ‘Alice no País das Maravilhas’ de Charles Lutwidge Dodgson, nome verdadeiro do escritor Lewis Carroll.
 Vou abordar estes dois temas apresentando exemplos explícitos do livro mencionado no parágrafo anterior. O que nos é contado nesta história é um sonho e ao mesmo tempo uma fantasia, fala-nos sobre justiça e poder com o irrealismo próprio de um sonho, não sendo propriamente as leis que gerem a sociedade actual, nem a nossa realidade nem o que vivemos no dia-a-dia.
            Justiça de acordo com o dicionário define, significa uma acção ou um poder de julgar alguém, punindo ou recompensando.  
            Poder de acordo com o dicionário significa direito de agir, decidir e mandar.
            De certo que estes dois conceitos estão muito presentes na obra. Neste livro quem tem todos os poderes é o Rei e a rainha, cometendo assim muitos erros no seu reinado, que tem características absolutistas.
            Nesta passagem “- Silêncio! - e leu o caderno: -Artigo Quadragésimo-segundo: Todas as pessoas com mais de quilómetro e meio de altura devem abandonar o tribunal; Toda a gente olhou para Alice.; - Eu não tenho um quilómetro e meio - protestou Alice.; Tens, sim senhora – disse o Rei; Quase dois quilómetros! – Alvitrou a Rainha; Pois seja como for, não me vou embora – declarou a Alice. – Além disso, isso não é nenhum artigo normal. Inventou-o agora mesmo”.
Neste excerto da obra vê-se que o poder do Rei é total mas também que não está organizado, porque numa monarquia existem leis estabelecidas             que não podem ser mudadas em momento algum só porque alguém o pretende ou lhe convém.
            Nesta passagem também se vê que há uma grande desorganização em tribunal “- Não, não! – protestou a Rainha. – A sentença primeiro e o veredicto depois.”
            Agora vou apresentar três excertos da obra que mostram como o Rei e a Rainha têm o poder total sobre tudo e todos.
            “O Sete mandou o pincel ao chão, e ia a dizer: - Bem, isso é que foi uma grande injustiça… - quando reparou em Alice, que estava a observá-los, e depressa recuperou a compostura. Os outros também olharam em volta, e todos se curvaram numa vénia pronunciada.; - Podiam dizer-me, por favor, - disse Alice, um pouco timidamente – por que é que estão a pintar essas rosas? ; - O Cinco e o Sete não disseram nada, mas olharam para o Dois. Este começou, em voz baixa:; - Bem, sucede o seguinte, Menina, esta aqui devia ter sido uma roseira de rosa vermelhas, mas por engano plantámos uma de rosas brancas; e, se a Rainha descobre, manda-nos cortar as cabeças, já se sabe. Por isso, bem vê, Menina, que estamos a fazer o nosso melhor, antes que ela chegue, para…”, “- Bem vejo! – Bradou a Rainha que entretanto tivera a examinar as rosas. – Cartem-lhe as cabeças! – E o cortejo avançou, ficando três soldados para trás para executar os infelizes jardineiros, que se foram abrigar junto de Alice.” E por fim “- Mas que foi? – Perguntou a Alice; - Disseste <Mas que pena!>? – Inquiriu o Coelho.; - Não, não disse – respondeu Alice. – Não tenho pena nenhuma dela. Perguntei <Mas que foi?>; Puxou as orelhas à Rainha… - começou o Coelho.; Alice soltou uma curta gargalhada. – Oh cala-te! – Sussurrou o Coelho, assustado. – A Rainha ainda te ouve! Estás a ver, é que ela chegou muito atrasada, e a Rainha disse…; Já para os vossos lugares! – Trovejou a Rainha, e todos começaram a correr em todas as direcções (…).”
            Como já mencionei nestes excertos vê-se como o Rei e a Rainha são poderosos, podem mandar executar qualquer pessoa, causam medo, fazem tudo o que querem, podem e mandam.
            Este livro é uma obra clássica. Tem uma história surreal, revelando uma lógica do absurdo que se vê nos sonhos.
Tem várias interpretações. Uma delas pode significar que esta história represente a adolescência, com a entrada repentina na toca do Coelho e as diversas mudanças de tamanho e o facto de ela já não saber ao certo quem era, faz lembrar um pouco a mentalidade dos adolescentes. 
Agora em relação aos tópicos que mencionei no princípio do texto, já se percebeu que o Rei e a Rainha tinham o poder total e faziam tudo o que desejassem Tinham o poder legislativo, judicial e executivo, pois eram eles que faziam as leis, executavam-nas e julgavam-nas.
Embora esse poder não fosse muito bem desempenhado, porque não cumpriam as leis estabelecidas no reino, quando lhes convinha criavam na hora novas regras, para além de como queriam ter o controlo sobre tudo acabavam por não desempenhar correctamente as suas verdadeiras funções de soberanos.
Nesta obra penso que no que respeita à justiça é desorganizada, não tem qualquer ordem e sem respeito por quem está a ser julgado, nem pelas personagens presentes no julgamento, quer fossem as acusadas ou as que estavam a testemunhar, porque se lermos atentamente as passagens do livro apercebemo-nos que, por exemplo, durante o julgamento o próprio Rei não sabe o que fazer para arranjar provas para julgar o culpado e dar a respectiva sentença.
Na minha opinião o que se descreve na história da Alice não está correcto, nem é o que deve acontecer numa comunidade justa, porque numa sociedade tem de haver leis e regras bem definidas que respeitem os cidadãos e a liberdade uns dos outros. Também tem que existir governantes que por sua vez sejam cumpridores dessas mesmas leis para que as saibam e possam fazer cumprir, só assim poderá haver uma sociedade justa para todos sem excepção, independentemente da sua origem, categoria ou estatuto.
O poder deve estar na mão de alguém com princípios e bem formado para que não se sinta dono e senhor do mundo e sim que está a trabalhar para o bom e justo funcionamento de uma comunidade.

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