segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Critica (Harry Potter e o príncipe misterioso)

Critica de cinema ao filme:

Harry Potter e o príncipe misterioso
(VI volume da série)


Numa critica a um filme devemos apontar os seguintes aspectos, não necessariamente por esta ordem:

1. Introdução simples ao filme
2. Banda Sonora
3. Actores
4. Guarda-roupa
5. Efeitos Especiais
6. Cenas bem/mal feitas

1. Introdução Simples ao Filme
Este filme da saga do “Harry Potter” é o sexto volume da série. Foi realizado pelo David Yates que realizou também a Orem de Fénix e irá realizar “Os Talismãs da Morte” (próximo filme da saga). Estes filmes têm como tema/ideia um mundo normal, como nós conhecemos, no filme os mugles e um mundo de magia que é totalmente desconhecido pelos mugles. Eu acho o tema da saga interessante, a existência de magia e o segredo desta é um tema, na minha opinião, é um tema que atrai muitas pessoas. Esta saga de filmes é baseada nos livros da escritora J.K.Rowling,que explora muito bem este mundo imaginário da magia, completando-o com feitiços diversificados e inovativos.

2. Banda Sonora
Em relação a banda sonora, continuamos a ter a abertura tradicional, apesar de os realizadores dos vários filmes serem diferentes. As músicas de fundo estão quase sempre presentes em todas as cenas, maioritariamente nas de suspence e acção. Apesar de, se não estivermos com especial atenção ás músicas de fundo não as ouvimos, são elas que muitas vezes proporcionam o ambiente de acção ou suspense consoante o que o realizador deseja.


3. Actores
Sendo este filme um filme de continuação a maioria dos actores é a mesma excepto as personagens novas que vão entrando na saga ao longo dos vários filmes. Na minha opinião os açores foram crescendo e melhorando o seu desempenho ao longo dos anos.

4. Guarda-Roupa
Este filme não retrata uma época específica mas a escolha do guarda-roupa exige algum cuidado, pois tem que retratar uma escola diferente das outras, de magia. Neste filme já não vemos com tanta frequência as capas pretas que os alunos e os professores costumavam usar. Continuamos a velas enquanto estão em aulas mas foras delas já se usam roupas ditas normais.

5. Efeitos Especiais
Comparado com os ouros filmes, estes filme tem mais efeitos especiais e, na minha opinião, melhores que os outros. A nível de cenas feias a computador que se combinam com cenas filmadas em estúdio acho que foram maioritariamente bem conseguidas. Não tenho nenhuma cenas que, a meu ver esteja mal conseguida dentro destes parâmetros.

6. Cenas Bem/Mal Feitas
Existem cenas neste filme que eu considero particularmente bem-feitas. Temos um exemplo, quando o Dumbledore e o Harry vão a casa do professor Horace para o contratar e ele se transforma de sofá para pessoa, ou e cena logo a seguir quando o professor Dumbledore reconstrói o interior da casa. A casa de partidas dos gémeos Weasely com as pessoas a trepar paredes ou os bonecos no ar a andarem também esta bem feita. Temos ainda a maldição da Katie e a falsa morte Malfoy provocada pelo Harry com o feitiço sectumsempra. Existem mais mas estas estão entre as melhores, na minha opinião.

domingo, 21 de novembro de 2010

Comentário

A aparência é apenas uma pequeníssima parte daquilo que nós somos. A nossa imagem, o nosso reflexo no espelho ou na água, não deve ser a base das opiniões fundamentadas sobre a nossa pessoa. Estamos presos à nossa aparência. Não a podemos mudar e ela influencia a nossa vida em vários factores. Características inalteráveis que nascem connosco. A aparência é apenas um lençol que cobre a obra de arte. Só quem consegue afastar esse lençol nos conhece realmente. Só nos damos a conhecer quando conseguimos “projectar a Fauna e a Flora criadas na nossa intimidade”. Quando conseguimos exprimir tudo o que é vida dentro de nós.
A nossa imagem é apenas um “efeito quimérico de luz”, é algo não real do nosso verdadeiro ser.

Poema

Poema

Lagos de lágrimas frias
que me gelam o coração,
que brotam na minha alma
e dançam na palma da mão.

Lágrimas de amargura,
lágrimas de dor,
lágrimas de tristeza pura,
que bailam com ardor.

Lágrimas que dançam ,rodopiam
e caiem...de repente ,
assim ,
como gente.


Alba, 14 anos, Açores.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Relatório


Definição

Um relatório é um tipo de texto em que se expõem e analisam actividades que foram desenvolvidas no âmbito de uma instituição. A principal finalidade deste tipo de texto é informar dar a conta da actividade realizada. Um relatório deve também analisar criticamente os dados a fim de se reflectir para chegar a conclusões.


Procedimento

Antes de redigir um relatório, devem cumprir-se as seguintes etapas:
1º Elaborar um guião; tomar notas pessoais e recolher informações.
2º Planificar o relatório com base no guião e nos dados recolhidos;
3º Recorrer à descrição e a narração para relatar os factos; argumentar no momento de analisar e de reflectir sobre os acontecimentos e sobre os dados.


Estrutura

O relatório deverá contemplar todos os elementos que se seguem:
Capa;
Resumo do relatório (se for pedido);
Introdução – apresenta a actividade relatada;
Desenvolvimento – objectivos da actividade, materiais e recursos, dados, fotografias, etc.;
Conclusão – reflexão, opinião pessoal e recomendações;
Bibliografia (se for pertinente);
Índice.


Características da linguagem

O tipo de linguagem a usar num relatório deve respeitar os seguintes parâmetros:
Registo de língua adequado;
Predominância dos tempos do pretérito;
Clareza precisão e objectividade;
Utilização da primeira ou da terceira pessoa;
Modo expositivo, descritivo e/ou narrativo na apresentação dos factos;
Utilização da exposição e da argumentação para reflectir sobre os dados e os resultados.


António Afonso

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O QUE É MORRER?

Morrer é só deixar cair os braços,
ser indiferente a tudo: à Vida e à Morte...
e olhar com olhos d'amargura, baços,
a Primavera, o Outono, o Sul, o Norte...

Ter sede e nem sequer ir procurar as fontes,
ter amor e fugir ao seu alento
e errar na paz suavíssima dos montes
como num pôr-de-sol vago e nevoento...

Morrer é olhar toda a miséria ardida
e não poder chorar sobre uma rocha tosca
como chora quem vive: o mar, a luz fosca...

É não ter olhos para a dor da Vida,
nem esperança na Morte, nem saudade,
ser indiferente so sol, à lua, à tempestade...

Rita Patrício

Já viste os pássaros a voar?
Já foste de madrugada visitar o mar?
Já sentiste encanto pelo Luar?
Já sentiste o verbo amar?
Já viste a escuridão do dia?
onde se existe e não se sente,
onde não se come ,porque não se tem;
Já te sentiste refém?
Do mundo que passa,
e não te olha, e se te olha,
pensas que fazes parte dele também;
Sabes crescer com o tempo?
Que corre com a vida,
atrás do momento, que não pára.
O ensejo perdido,
da ferida profunda que não sara,
ao momento fingido
deste tempo vivido
num mundo belo e sofrido...
Anónimo
Escolhido por:
 Teresa Carvalho nº29

Pascoaes sobre Camilo

«E a nossa própria imagem não somos nós num efeito quimérico de luz? Estamos nesse efeito quimérico, como numa dor de cabeça ou em qualquer pensamento que nos domina e pode artisticamente exteriorizar-se. A obra de arte é a projecção, no exterior, da Fauna e Flora criadas na nossa intimidade.»

Teixeira de Pascoaes, O Penitente

Espero pelos vossos comentários

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Gonçalo Cadilhe

“Começo hoje uma longa e imprevisível travessia do continente africano, um devaneio orientado por um simples objectivo: regressar a casa. É este o meu projecto: atravessar África. Prosseguir do Sul para o Norte utilizando as estradas do continente, recorrendo aos transportes públicos, aos autocarros maltratados pelos anos, aos comboios que ainda andam, pedindo boleia, viajando com as pessoas da terra - em terra onde estiver, farei como vir fazer. Excluo o transporte aéreo, voar sobre África não é viajar por África. Aliás, voar não é viajar.”
Este é um excerto de África Acima do jornalista e viajante português, Gonçalo Cadilhe. Desde pequeno que Gonçalo Cadilhe tem uma paixão pela viagem. Sempre que podia partia de mochila às costas de modo a conhecer novos locais, novas culturas.
Apesar de não ter tirado nenhum curso relacionado com o jornalismo, descobriu o seu talento para a escrita e juntou-o à sua paixão pelas viagens e pelo surf.
É colaborador das revistas Blitz e Surf Portugal, onde tem vários trabalhos publicados. Expõe também as suas crónicas na conhecia revista Única do jornal Expresso.
Os seus trabalhos têm feito tanto sucesso que o cronista já tem alguns trabalhos publicados em livros que têm feito um enorme sucesso.
Pessoalmente, sou fã das crónicas de Gonçalo Cadilhe e posso dizer que ele é o único motivo que me faz abrir o jornal.
O seu interesse pelas viagens e o surf fizeram despertar em mim um grande interesse por ele e pelo seu trabalho. Sempre gostei de viajar mas desde que leio as crónicas de Gonçalo Cadilhe que o meu interesse parece aumentar, principalmente pelo continente africano. As suas características próprias, a sua maneira de ser tão diferente da Europa. Ao ler África Acima, apercebi-me de que África é mesmo o meu destino de sonho e mal possa, farei uma viagem parecida com a do jornalista.
Incito à leitura das crónicas de Gonçalo Cadilhe, que dispõem de sentido humorístico, inteligência, espírito crítico e aventureiro.
Neste momento, o cronista está a fazer a viagem de Fernão Mendes Pinto, infelizmente, as suas crónicas não são publicadas semanalmente, mas com algum tempo de intervalo.

Rita Patrício

sábado, 6 de novembro de 2010

Narciso

Diário

O diário é um dos géneros da literatura autobiográfica mais comummente cultivados, pois é confidente tanto do homem público como do homem privado, tanto do escritor ilustre como do adolescente fechado no seu quarto ou da mulher a quem, ao longo da história literária, nem sempre esteve aberto o acesso à publicação.
O estatuto do diário é o da confidência: extroversão da vida íntima para um «amigo», o caderno de notas. Como na confidência, a relação entre o eu e o diário define-se pela contradição entre a vontade de falar e a de guardar segredo. O diário funciona de facto, muitas vezes, como interlocutor: quantos diaristas conversam com o seu diário, interpelando-o mesmo! Outras vezes, o diário funciona como sucedâneo dum interlocutor real, à falta dele ou por incapacidade de um relacionamento normal com outrem. No primeiro caso, […] o diário nasce de uma situação de isolamento. Escreve-se diário na prisão, quando se está privado de outro tipo de comunicação. Escreve-se diário a bordo, ou durante uma doença, ou no exílio. No segundo caso, o diário é igualmente o parceiro por excelência do diálogo.
Mas o diário pode não ser apenas um caderno de confidências. Pode voltar-se para o exterior e albergar impressões de viagem, comentários de leituras, reflexões políticas, estéticas, morais, etc. […] Por essência espaço de fundação e reconhecimento do eu, o diário pode tornar-se exercício intelectual e oficina de ideias. Nascendo duma situação unilateral de comunicação, em que o destinador e o destinatário são uma e a mesma pessoa, ele pode transformar essa situação em partilha com os outros. A prática diarística é, assim, o lugar dum duplo movimento, de interiorização e de exteriorização. Com a publicação, o texto é introduzido no sistema de consumo colectivo, perdendo o seu estatuto privado. O diário íntimo deixa de o ser, por vontade do seu autor ou por vontade alheia. Para os mais radicais, a publicação de um diário é uma contradição. […]
Mas, mesmo que se quebre a intimidade, pode ainda manter-se no texto um «efeito de intimidade». O estilo menos elaborado, por intenção ou por negligência, contribui para tal efeito, bem como o uso de iniciais para designar nomes de pessoas ou lugares, um menor grau de discursivismo, as formulações elípticas, etc. […]
A descontinuidade, o fragmentarismo são sinais distintivos do diário, que imediatamente o diferenciam da narrativa autobiográfica. O diário obedece a um modelo de narração intercalada, isto é, de enunciação que alterna com o acontecimento dos factos narrados. A datação das notas é um modo de significar essa construção fragmentada e sempre recomeçada. […]

Clara Rocha, Máscaras de Narciso, Coimbra, Almedina, 1992, pp.28-32

Autobigrafia

Género literário em prosa que consiste na narração ulterior do percurso existencial de um indivíduo pelo próprio.
O lexema complexo autobiografia é de origem alemã (Autobiographie), tendo sido pela primeira vez usado em 1789, por Friedrich Schlegel. A partir de 1800, surge com frequência na maior parte das línguas europeias. Esta formação do lexema resulta, em grande medida, do impacto que em toda a Europa tiveram as Confessions, de Rousseau, arrastando consigo o reconhecimento da existência de um novo género literário, num momento em que, aliás, se assistiu a uma verdadeira eclosão de géneros literários intimistas [o diário, as memórias (memorialismo), as narrativas de viagens, p. ex.]. Este novo género, porém, de acordo com a maioria dos estudiosos, não tem a sua origem nas referidas Confessions, mas sim nas Confissões, de Santo Agostinho. […]
A autobiografia, enquanto narração posterior e contínua distingue-se do diário, género fragmentário e não exclusivamente narrativo; das memórias, género em que a intenção documental articula o eu com o seu contexto histórico-cultural; das confissões, género que, originário da «literatura espiritual», conserva, na cultura secularizada dos nossos dias, a dimensão ética e judicativa própria da contrição; e ainda de certos géneros que lhe são tangenciais, como a epistolografia, a crónica, os relatos e diários de viagem. […]
Esta delimitação, nem sempre nítida, complica-se se fizermos intervir na análise um género como o romance autobiográfico, que vem fragilizar a coincidência de identidade entre personagem central, narrador e autor, ou seja o «pacto autobiográfico» apontado por Philippe Lejeune como critério distintivo da autobiografia. A questão, bastante complexa, ajuda a compreender as razões que conduziram a que a autobiografia seja hoje um dos géneros mais estudados e teorizados, já que ela levanta problemas recenseados já por Aristóteles – a relação entre realidade e ficção, por exemplo. […]
A teoria da autobiografia, […] terá passado por três etapas correspondentes aos elementos constituintes do lexema: o autos, o bios, e a graphé. Inicialmente, a crítica vê nos textos autobiográficos uma reprodução fiel da vida (bios). Na segunda etapa, em que a atenção se centra no autos, a autobiografia é vista como re-criação mais do que como reprodução. […] Finalmente, analisando a graphé, a crítica […] insistirá em que a fronteira entre autobiografia e ficção é de demarcação impossível.

Osvaldo Silvestre, «Autobiografias», in Biblos, Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa, Lisboa/S.Paulo, Verbo, 1995

Ironia e Provincianismo

«É na incapacidade de ironia que reside o traço mais fundo do provincianismo mental. Por ironia entende-se, não o dizer piadas, como se crê nos cafés e nas redacções, mas o dizer uma coisa para dizer o contrário. A essência da ironia consiste em não se poder descobrir o segundo sentido do texto por nenhuma palavra dele, deduzindo-se porém esse segundo sentido do facto de ser impossível dever o texto dizer aquilo que diz. Assim, o maior de todos os ironistas, Swift, redigiu, durante uma das fomes da Irlanda, e como sátira brutal à Inglaterra, um breve escrito propondo uma solução para essa fome. Propõe que os irlandeses comam os próprios filhos. Examina com grande seriedade o problema, e expõe com clareza e ciência a utilidade das crianças de menos de sete anos como bom alimento. Nenhuma palavra nessas páginas assombrosas quebra a absoluta seriedade, se não fosse a circunstância, exterior ao texto, de que uma proposta dessas não poderia ser feita a sério.
A ironia é isto.»

Fernando Pessoa, «O Provincianismo Português», in Textos de crítica e de intervenção

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O Carácter do Jovem

Depois do que dissemos, vamos tratar dos tipos de carácter, segundo as paixões, os hábitos, as idades e a fortuna. Por paixões entendo a ira, o desejo e outras emoções da mesma natureza de que falámos anteriormente, assim como hábitos, virtudes e vícios. Sobre isto também já falámos antes, e que tipo de coisas cada pessoa prefere e quais as que pratica. As idades são: juventude, maturidade e velhice. Por fortuna entendo origem nobre, riqueza, poder, e seus contrários e, em geral, boa e má sorte.
Em termos de carácter, os jovens são propensos aos desejos passionais e inclinados a fazer o que desejam. E de entre estes desejos há os corporais, sobretudo os que perseguem o amor e face aos quais os jovens são incapazes de dominar-se; mas também são volúveis e rapidamente se fartam dos seus desejos; tão depressa desejam como deixam de desejar (porque os seus caprichos são violentos, mas não são grandes, como a sede e a fome nos doentes). Também são impulsivos, irritadiços e deixam-se arrastar pela ira. Deixam-se dominar pela fogosidade; por causa da sua honra não suportam que os desprezem e ficam indignados se acham que são tratados injustamente. Gostam de honrarias, mas acima de tudo das vitórias (até porque o jovem deseja ser superior e a vitória constitui uma certa superioridade). Estas duas características são neles mais fortes do que o amor ao dinheiro (gostam pouco de dinheiro porque não têm ainda experiência da necessidade, como diz o apotegma de Pítaco em resposta a Anfiarau). Não têm mau, mas bom carácter, porque ainda não viram muitas maldades. São confiantes, porque ainda não foram muitas vezes enganados. Também são optimistas, porque, tal como os bêbedos, também os jovens sentem calor, por efeito natural, e porque ainda não sofreram muitas decepções. A maior parte dos jovens vive da esperança, porque a esperança concerne ao futuro, ao passo que a lembrança diz respeito ao passado; para a juventude, o futuro é longo e o passado curto; na verdade, no começo da vida nada há para recordar, tudo há a esperar. Pelo que acabámos de dizer, os jovens são fáceis de enganar (é que facilmente esperam), e são mais corajosos [do que noutras idades] pois são impulsivos e optimistas: a primeira destas qualidades fá-los ignorar o medo, a segunda inspira-lhes confiança, porque nada se teme quando se está zangado, e o facto de se esperar algo de bom é razão para se ter confiança. Também são envergonhados (não concebem ainda que haja outras coisas belas, pois só foram educados segundo as convenções). Também são magnânimos porque ainda não foram feridos pela vida e são inexperientes na necessidade; além disso, a magnanimidade é característica de quem se considera digno de grandezas; e isto é próprio de quem tem esperança.
Quanto à maneira de actuar, preferem o belo ao conveniente; vivem mais segundo o carácter do que segundo o cálculo, pois o cálculo relaciona-se com o conveniente, a virtude com o belo. Mais do que noutras idades, amam os seus amigos e companheiros, porque gostam de conviver com os outros e nada julgam ainda segundo as suas conveniências, e, portanto, os seus amigos também não. Em tudo pecam por excesso e violência, contrariamente à máxima de Quílon: tudo fazem em excesso; amam em excesso, odeiam em excesso e em tudo o resto são excessivos; acham que sabem tudo e são obstinados (isto é a causa do seu excesso em tudo). Cometem injustiças por insolência, não por maldade. São compassivos, porque supõem que todos os seres humanos são virtuosos e melhores do que realmente são (pois medem os vizinhos pela bitola da sua própria inocência, de tal sorte que imaginam que estes sofrem coisas imerecidas). Gostam de rir, e por isso também gostam de gracejar; com efeito, o gracejo é uma espécie de insolência bem-educada.

ARISTÓTELES, Retórica