quinta-feira, 5 de maio de 2011

Metamorfoses ao longo da obra

Ao longo da leitura de "Alice no País das Maravilhas" percebe-mos que toda a acção se desenrola em volta das mudanças que decorrem com a personagem central. Elas ligam os vários momentos e situações do conto. Todas estas alterações acontecem constantemente e inesperadamente levantando problemas a Alice. Cria-se assim um enigma que é resolvido á medida que avançamos na história.
Existem sempre elementos chave para que a personagem possa crescer ou diminuir como a garrafa que continha a mensagem “bebe-me” ou o bolo que a fez aumentar. Estes objectos fazem-na também desenvolver uma opinião á cerca do que é correcto ou não, sendo essa opinião alterada ao longo dos capítulos. Sendo os responsáveis pelo lado negativo que Alice carrega são também  os portadores do poder que Alice pode utilizar para se defender e actuar neste sítio ao qual não esta habituada e que a apanha desprevenida a cada passo que dá.
É notável a necessidade que Alice demonstra em conhecer-se a si própria e nítida a confusão que a menina sente quando se interroga a cerca de si mesma. A dúvida de se é a mesma pessoa que era antes de mergulhar neste novo lugar cheio de novidade aparece cedo e acompanha-a ao longo das diferentes fases que enfrenta. Não é claro para ela a sua verdadeira identidade e é justificável dado que é curto o prazo de cada variação. Não dispõem assim de tempo para se habituar a ela mesma, originando uma série de desconfianças e suspeitas em volta do que está por detrás do que ela aparenta.
Alice é vítima de metamorfoses físicas que a acabam por afectar psicologicamente. Apesar de ser o seu corpo que sofre visivelmente é mais profunda a angústia e o desespero que sente em não encontrar o significado de tudo o que ocorre consigo. Tudo o que sofre morfologicamente tem consequências na sua maneira de ser, de pensar, de sentir e de agir. Isto acaba por ser grave visto que não idealiza uma imagem fixa e inalterável do seu ser.
As mudanças apesar de a confundirem e a atirarem para um grande dilema são a fonte do seu desenvolvimento. Graças a elas, Alice tem a oportunidade de se fortalecer e aumentar as suas capacidades. Dão-lhe a oportunidade de descobrir o que vale e fazem-na entender como pode adquirir o que deseja usando-as como uma espécie de ferramenta. O medo que a assombra é diminuído e Alice adquire a coragem e ousadia para o enfrentar.  A verdade é que sem elas, Alice permaneceria a mesma criança inocente que nos é exposta no início e não atingiria o ponto de sabedoria que alcançou com todas as suas vivências. Pessoalmente, encaro-as como a porta para um novo mundo que a ajudará a sobreviver a todas as surpresas e desafios.
As personagens desempenham também um papel fundamental no seu desenvolvimento e progresso como ser humano. Cabe a elas fazer Alice perceber quem é e a formar uma ideia de como precisa de agir conforme o seu estado momentâneo. Nos seus diálogos elas ajudam-na a decifrar o sentido de tudo aquilo e a tirar proveito de tudo o que lhe acontece. Têm o papel de sustentar Alice enquanto, por si própria, chega ás suas conclusões e revela a si própria o que está ao seu alcance. São também uma forma de comparação pois ao lado delas, Alice percebe a sua superioridade consequente da diferença de tamanhos e também de inteligência mental que Alice adquire com todas as revelações.
Concluindo, é óbvio que emergimos no mundo do fantástico onde tudo é possível e todos os limites podem ser desfeitos e as barreiras destruídas. Só isso torna praticáveis todas as acções que compõem o livro. Ao viver em tais circunstâncias Alice aprende gradualmente a analisar o que a rodeia de acordo com o que ela sabe que é ou que pode ser. As atitudes da personagem variam intensamente, reflectindo a maneira como se sente… ou confiante, quando tem uma grande altura ou insignificante, quando pequena em relação ao que a rodeia. Conseguimos também perceber que as metamorfoses são o núcleo de várias confusões na interpretação do que Alice é realmente como por exemplo no caso da pomba. No fundo tudo isto serve para libertar Alice de todas as suas inseguranças e fazê-la crescer em todos os sentidos, transformando-a em conjunto apenas numa pessoas capaz de atingir aquilo em que fielmente acredita. Isto tem um significado tão grandioso no sonho que é transportado também para a realidade acabando por mudar positivamente Alice, na vida real.
           
                        Rafaela Vitorino

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Por detrás da fantasia

No inicio do ano lectivo foi-me sugerida a leitura do livro A Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll no âmbito da disciplina de português. Acho que não falo só por mim quando digo que recebi a sugestão com um certo gozo pois achei que ler um livro infantil da Disney não poderia passar disso, uma brincadeira. Depois de uma interpretação mais aprofundada percebi que estava enganada. 
Não, o livro não tem nada de infantil. É um grande e complexo clássico de Carroll bastante avançado e difícil de comentar.
Após uma leitura aprofundada e cuidadosa da obra podemos abordar alguns temas como o critério de justiça, (que se trata claramente da Lei do Mais Forte), o significado e o significante das palavras, as diversas metamorfoses que decorrem ao longo da obra, entre muitos outros.
Outro aspecto muito falado relativo à obra é a história do autor e a sua fonte de inspiração para escrever Alice.
Muitos comentam que o autor era bastante fora do vulgar. O seu nome não era realmente Lewis Carroll, mas sim Charles Lutwidge Dogson. Nascido em Inglaterra em 1832, foi matemático, lógico, fotógrafo e romancista.
Carroll era um homem muito tímido e penso que podemos fazer um relacionalmente entre ele e a personagem do Rei. Temem a a autoridade. O Rei teme e respeita a Rainha e o autor mostra um certo afastamento com uma das irmãs mais déspota no poema antecedente à historia. Diz-se também que gostava muito de rapariguinhas e corre também pela sociedade que Carroll era pedófilo.
Enquanto leccionava em Oxford, Lewis conheceu um senhor, pai de três meninas, uma delas chamada Alice. Encantou-se com esta menina de sete anos e mais tarde publicou o livro Alice no País das Maravilhas, para o qual a jovem rapariga teve um papel de musa inspiradora.
Para além de ser conhecido como pedófilo, diz-se também que Carroll consumia drogas alucinogénas. Há quem defenda que a obra é baseada numa viagem de LSD e que o facto de Alice ter adormecido e sonhado todo aquele sonho fantástico, retrata um estado de coma semi-profundo provocado pelo consumo de LSD. Drogas como esta, provocam alucinações semelhantes ao sonho que Alice teve depois de ter adormecido à beira-rio. Imaginar plantas ou outros objectos a falar (como acontece com as flores, o Coelho Branco e as cartas), ver coisas a aparecer e desaparecer (como se passa inúmeras vezes com o Gato ao longo da obra) são dois dos exemplos.
É também bastante comentado o chá de cogumelo que Alice bebeu, dado que se trata de uma droga conhecida com o nome científico de Amanita Muscaria. Pode também ser exposto o cachimbo fumado pela lagarta, que geralmente é referido como sendo cannabis. No livro não nos é possível ter uma visualização física da lagarta, mas no filme podemos reparar nos seus olhos encarnados e semi-cerrados, a sua voz arrastada… O facto de a lagarta se apresentar com este aspecto no filme, não prova que Carroll pensava em droga ao criar a Lagarta. No entanto ficamos a pensar que, quando realizou o filme, Tim Burton também suspeitava desse outro lado da história.
O facto de Lewis ser um alucinado ou drogado é um ponto de vista, mas existe um outro não tão falado. O autor sofria de grandes crises de enxaquecas que é uma das causas de uma síndrome agora conhecida como síndrome da Alice no País das Maravilhas. Quem sofre destas doenças pode ter alterações da visão e pode chegar mesmo a provocar alucinações.
Mas porquê? Porque é que tem de haver uma explicação para a obra de Lewis Carroll? Não poderá ser apenas fruto da sua grande imaginação? Como se costuma dizer, “a maldade está nos olhos de quem e vê”.
Relembrando os nossos cinco anos de idade… Quem não imaginava que era tinha super-poderes, que podia voar, ou mesmo salvar o mundo? Uma pessoa pode imaginar e sonhar sem o uso de qualquer tipo de droga. Basta um pouco de inteligência, observação, capacidade de abstracção e um certo interesse pelo fantástico. Qualquer um pode imaginar. Não digo que qualquer um possa escrever uma obra como Lewis Carroll, mas é isso que nos diferencia. Os nossos interesses, as nossas capacidades, os nossos dons.
Alguns defendem que a inspiração para esta história não pode ter sido uma viagem de LSD, pois a droga só foi sintetizada cerca de quarenta anos após a morte do autor. Na minha opinião não é essa a justificação para defender Carroll pois para além de haver alguns registos antigos do uso dessa droga, o autor poderia também ter acesso a um outro tipo diferente de droga.
Na história existem várias referências a factos reais. Relativamente ao Chapeleiro Louco, pode ser associado à conhecida ideia de que alguns chapeleiros ficam loucos devido ao uso do chumbo. Outro aspecto a destacar é a conhecida divergências entre as rainhas encarnadas e brancas, ou mesmo entre a cor em si. Durante a história vemos as cartas a pintarem todas as rosas brancas de encarnado. Isto faz alusão à Guerra das Rosas, um facto histórico.
Existem vários aspectos como este que não se explicam com uma viagem de drogas.
Relembrando novamente o tempo em que éramos pequenos podemo-nos perguntar se a Capuchinho Vermelho falava com animais só porque estava drogada? Ou a Cinderela por transformar um abóbora numa carruagem? A nossa infância seria baseada em quê?
Apesar de ser surreal, acredito que esta historia também possa tratar de uma crítica à sociedade. Vivemos numa sociedade que exige que sejamos perfeitos. Que sigamos todos as mesmas regras e caminhemos nos passos uns dos outros. No mundo perfeito de Alice nada era perfeito, tudo era diferente e cada um, à sua maneira, era aceite.
Custa-me crer que tudo isto foi criado numa droga. É tudo mais complexo que isso. Carroll criticava o pensamento racional. A sociedade acha que se trata de uma alucinação porque se trata de uma fuga aos padrões do que é correcto e considerado “normal”. Ou seja, esta sociedade pensa racionalmente. Vão totalmente contra a mensagem que o autor tenta passar.
No inicio do livro, por exemplo, tentam ensinar Alice. Mostram-lhe um livro sem gravuras, com muitas letras e tão aborrecido que Alice adormece. Isto simboliza o que se ensina as crianças. As regras da sociedade, o trabalho, os deveres, a tradição e tudo o que o Homem criou e de que Carroll parece discordar.
Muitos crêem também que se trata de uma analogia para a adolescência. Todos as mudanças tanto físicas como psicológicas que Alice sofre durante a historia, as suas mudanças de humor, medos e uma certa falta de noção quanto à vida real, demonstram que pode certamente tratar-se de uma relação com a adolescência.
Todas estas teorias podem ter um fundo de verdade. Sim, pode ser uma viagem de drogas. Sim, Lewis Carroll podia ser pedófilo. Sim, pode ser uma crítica à sociedade. Sim, pode ser uma alusão à adolescência. E até mesmo, sim, pode ser fruto de uma enxaqueca.
Lewis Carroll está morto e muito dificilmente se saberá a verdade. Pessoalmente, prefiro viver na ignorância. Uma historia que percorreu comigo a minha infância. Sempre pensada como sendo tão fantástica e que tantas crianças inspirou ao “tudo é possível”. Pensar que tem por trás uma história tão suja como droga ou pedofilia? Para que a desilusão e desapontamento?
“É incrível, mas a mentira pode trazer a felicidade.”

Num Mundo Paralelo...

Alice no País das Maravilhas, um conto clássico que tem vindo a acompanhar a infância de muitas crianças não tem que ser apenas visto de uma perspectiva infantil, se nos debruçar-mos sobre ele com outros olhos, de certo que retiraremos novas análises.
Temas que se podem aplicar aos dias de hoje, podem ser retirados desta história surrealista.
O livro tem como base principal fantasia e pura imaginação, que são muitas das vezes ingredientes que fazem com que as histórias ganhem aquele encanto especial e alma.
A acção do livro começa de facto na realidade, mas Alice depressa entra no seu submundo, o mundo da fantasia e das maravilhas onde tudo é possível e onde o extraordinário é algo comum…
Alice, uma menina que se encontra no auge da sua fase de crescimento e mudança depara-se com vários problemas e interrogações, quer de identidade, quer sobre assuntos que até à altura nunca lhe tinham despertado qualquer atenção.
Muitas das vezes não se sentia segura de si mesma, como se não se reconhecesse e tivesse sido trocada com alguma das suas colegas. Este facto explica as variações de tamanho que Alice sofre em todo o decorrer da história. Quando estava gigante, sentia-se mais poderosa, corajosa e destemida, digamos que se sentia “mais Alice” do que o habitual, não tinha medo de ninguém e já encarava os seus obstáculos com menos receio. Mas quando voltava ao seu tamanho original ou ainda mais pequeno, o medo apoderava-se de si, sentia-se vulnerável a todos os perigos que a rodeavam, sentia-se sujeita à Lei do mais Forte e “menos Alice”.
Tal atitude de Alice, remete-nos para um outro tema muito abordado no conto, a justiça e as suas formas de aplicação…
Durante toda a sua aventura, a pequena menina depara-se com diversos casos em que a justiça e o poder pareciam estar totalmente de pernas para o ar, sem o mínimo nexo e a serem aplicados da pior maneira possível, mas pelos vistos apenas a ela lhe fazia confusão…
No Mundo das Maravilhas, a justiça não toma a mesma forma que toma no munda que conhecemos.
Actualmente vivemos sobre os ditames da Democracia, um tipo de justiça que tem como bases um poder distribuído, onde existe o direito a defesa e julgamento, sendo assim aplicada a melhor sentença e da forma mais justa, é assim imparcial.
A justiça, no geral, visa sempre a bondade e a razão. Mas tal não se passa no Mundo das Maravilhas, este poder é quase sempre aplicado no sentido oposto ao qual deveria ser, é utilizado para praticar o Mal, sem respeitar as leis nem os direitos e onde não existe nem o direito de argumentação nem defesa…
No III capítulo, deparamo-nos com o primeiro facto directo que nos indica que a justiça era injusta no Mundo da fantasia. Quando Alice conheceu um rato, com o qual não conseguiu desde o início estabelecer uma relação amistosa, ele explicou-lhe porque não gostava nem de gatos nem de cães, e tudo se resumia a justiça. O próprio Rato se referia à história como muito comprida e tortuosa, estando assim a dizer indirectamente que a justiça naquele Mundo era instável, insegura e com muito que se lhe dissesse…
“Não podes negar”… “ Serei juiz e jurada, disse a Fúria endiabrada”… “pois era ideia dela comê-lo de cabidela ou senão caldeirada…” Estas pequenas passagens apenas reforçam as imperfeições da Justiça que perseguiam os habitantes do Mundo das Maravilhas.
Alice apercebe-se de que neste segundo Mundo a justiça era injusta e falsa. Era parcial, pois em todos os casos havia sempre alguém que saía com maior proveito e a única lei que parecia prevalecer era a Lei do mais Forte, em que aqueles que eram maiores ou que detinham mais poder tinham assim mais vantagens.
O maior contraste que Alice reparou na distinção dos dois Mundos foi o facto de estar perante um regime de poder absoluto, no qual era apenas uma pessoa a deter o poder total, tomando assim todas as decisões importantes, enquanto que no Mundo real tal poder estava destinado aos cidadãos…
Eram o Rei e a Rainha quem mandavam e que comandavam os tribunais.
Uma passagem da obra na qual está bem explicita a justiça mal aplicada no Mundo de Alice é no capítulo XI e XII. Nestes, Alice encontra-se perante um tribunal que levava a julgamento o roubo das tartes da Rainha.
Achei este capítulo particularmente interessante porque se for bem analisado, podemos ver e interpretar claramente a confusão que corria na mente de Alice em relação a tudo o que a rodeava naquele Mundo, todo o tribunal era a confusão instalada, uma balbúrdia total.
Tal como já referi anteriormente, quem estava à frente de toda a instituição era o Rei, acompanhado de sua mulher, a Rainha de Copas, este detinha o poder absoluto para decidir quem sairia culpado, quando acabavam os depoimentos e quando terminava a sessão. Mais ninguém podia intervir…
O réu era o Valete e muitas personagens que já foram intervenientes na história foram chamadas a depor ou estavam presentes.
O primeiro a ser chamado foi o Chapeleiro, que após tanto implorar para sair dali acabou por ser dispensado… E a próxima foi a Cozinheira, que se recusou a prestar o seu testemunho. Tal testemunha acabou por desaparecer, sem que ninguém se ralasse em saber onde estava… Isto é algo que nem seria pensado nos tribunais reais. Este tribunal era diferente, nele reinava a confusão, não havia qualquer seguimento de regras ou organização.
Durante todo o julgamento, o verbo mais proferido pela Rainha era “executar”, tudo o que se mexesse ou falasse era mandado executar, mas a ameaça não passava disso. Uma vez mencionada, a execução deveria ser realizada pois é algo com demasiado peso para se poder ‘gastar’ assim. Geralmente, uma repetição serve para intensificar um sentido ou palavra, mas neste caso, de certa forma serviu para lhe retirar o significado e importância.
Por fim e para espanto de todos, a última a depor foi Alice, mas antes que o seu depoimento pudesse começar, sofreu uma vez mais um aumento de tamanho, ficou gingante e como sempre, e sentia-se “mais” Alice. Já não se sentia intimidada pela Rainha e afirmava agora já não ter medo de nenhum deles quando a sua irmã a acorda e a trás de volta à realidade, onde tudo tinha uma explicação lógica, onde tudo parecia tão ‘normal’.
A fantasia e imaginação são uma chama que deve permanecer sempre acesa no nosso interior, não para que permaneçamos crianças mas sim para que possamos viver a vida de uma maneira menos pesada, encarando os nosso problemas e obstáculos de várias perspectivas.
A genuidade e inocência infantil não têm idades reservadas, todos podemos de vez em quando fechar os olhos e resguardarmo-nos no nosso próprio Mundo, onde as coisas são à nossa maneira, onde podemos ser nós mesmos sem receio de nada, onde podemos enfrentar os nossos medos e aprender a viver a vida…

Ideia de Justiça

           O tópico que eu escolhi para este trabalho foi o tópico Ideia de Justiça em “ Alice no País das Maravilhas” Este tópico relaciona-se com a justiça que é vivida neste livro, e como essa justiça é justa ou não nesta história.
Numa breve discrição, eu penso que a justiça é algo que se faz quando se tem a certeza de que é bem feita, caso contrário, isso não será justiça, mas sim, injustiça. E muitas vezes essa injustiça é aplicada devido a certos interesses que se têm, e fazem com que pessoas inocentes sejam alvos dessas injustiças.
           Numa parte do livro de “ Alice no País das Maravilhas”, mais propriamente no terceiro capítulo, Fúria, diz que vai condenar o rato por injuria capital, com a finalidade de o comer, ou de cabidela ou de caldeirada como Fúria diz. Ou seja, nesta passagem temos claramente um exemplo de injustiça, onde Fúria acusou o rato sem provas, com um interesse, o de o comer. A arbitrariedade que é vivida nesta passagem relata claramente  o puder absoluto que neste caso a Fúria exerce sobre o pobre do rato.
Noutra passagem desta obra, no capítulo onze especificamente, surge uma acusação contra o Valete de Copas , onde o acusam de roubar as tartes que a Rainha de Copas tinha feito. Na fase onde estão todos no tribunal, pudemos verificar igualmente como na outra passagem que mencionei a arbitrariedade que se encontra nesta passagem e como em muitas outras passagens deste livro. Esta arbitrariedade faz-se notar pois o rei que detém o poder absoluto, é que decide qualquer sentença, pois se tem o poder absoluto, é ele que vai decidir se condena ou não o Valete de Copas. Na altura em que estavam a chamar as testemunhas , o Chapeleiro, foi o primeiro, e numa certa altura um dos jurados perguntou o que tinha dito o Arganaz ao Chapeleiro, mas este disse que não se lembrava, e logo o Rei disse que ele tinha que se lembrar se não mandava executá-lo, ou seja aqui verificamos mais uma vez, tanto a injustiça como a arbitrariedade e principalmente o poder que o Rei detém perante todo o resto de pessoas, que só por o Chapeleiro ter dito que não se lembrava de uma conversa era logo condenado á morte sem nada de mal fazer, estamos claramente perante uma injustiça.
Também no capítulo doze, onde Alice vai depor frente ao Rei e á Rainha, podemos verificar um abuso de poder e igualmente uma injustiça, pois o Rei, á pressa, escreve no seu caderno uma lei inventada na hora, a dizer que todas as pessoas com mais de quilometro e meio de altura deveriam abandonar o tribunal, Alice como era a pessoa mais alta, apercebeu-se logo que aquela lei era para ela, e recusou-se a sair. Nesta passagem verifica-se o poder do Rei, mas também o poder que Alice tem quando está grande, e provavelmente se fosse outro indivíduo, com o medo sairia logo do tribunal, e Alice permaneceu.   
Depois de apresentar algumas passagens sobre a justiça em “Alice no País das Maravilhas”, concluí que a minha ideia de justiça é muito diferente daquela que é apresentada no livro, pois, no País das Maravilhas, o poder é absoluto, ou seja só o Rei e a Rainha é que mandam no País, algo com o qual eu não concordo, pois eu penso que o poder deve ser partilhado, e não ser apenas uma pessoa a decidir tudo. Porque muitas vezes quando é apenas uma pessoa a decidir tudo, age conforme os seus interesses e não conforme o que seria aceitável, ou seja,  pela justiça.
            Relativamente ao conceito de justiça, eu aporei que a justiça em “Alice no País das Maravilhas” não é muito justa, muito pelo contrário, é injusta, pelas várias passagens que apresentei é clara a injustiça que se vive neste país e também o abuso de poder por parte do Rei e da Rainha.

Conceito de justiça no livro "Alice nos país das Maravilhas"

A justiça no livro “Alice no país das Maravilhas” para muitos de nós é bastante invulgar, aliás se ocorresse isso no nosso país era contra a lei mas como esta era a justiça, não haveria muito a fazer. No livro da Alice o grau de poder de justiça de cada um era consoante o seu tamanho e quase consoante o seu grau de “liderança” na cadeia alimentar, desde que se tenha isso pode-se fazer o que se queira, pois o outro (arguido) não teria muito a fazer e iria acabar do modo em que o acusador quisesse, quer o arguido queira quer não. Quem manda decide as regras, como quer exercer o poder e quais são as suas “presas” independentemente se são elas culpadas ou não. Lá, no país das Maravilhas também não existe o cargo específico de juiz e de jurados, é o que tem maior poder ou maior tamanho que exerce esses dois cargos, o que faz com que o arguido fique logo com uma grande desvantagem em julgamento. No livro “Alice no país das Maravilhas” existe vários cargos com esta semelhança de história como é o caso da história contada pelo rato a Alice em que ele diz “ Disse o rato pr´á cadela: nenhum auto resultaria de tanta balela; sem jurado nem juiz, de nada te serviria. Serei juiz e jurada, disse a fúria endiabrada…” Neste caso, a cadela (maior e mais acima na cadeia alimentar do que o Rato) estava a julga-lo de injuria capital. O Rato bem que se podia defender, mas era ela, a cadela, que tomava a decisão final, que neste caso iria ser provavelmente come-lo de cabidela ou caldeirada. Outro caso semelhante que existe no livro é o da Rainha de copas que julga o valete por este lhe ter comido as tartes. O valete não se pode defender pois a rainha era a autoridade máxima do país das Maravilhas. Ambos os casos têm uma vitima, que foi julgada injustamente mas que não pode fazer nada pois não tem o poder suficiente e necessário para se poder opor, defender-se e ilibar-se, nestes casos haviam também os lideres, que eram a cadela e a Rainha de copas, ambos queriam impor o seu poder, custe o que custa-se, mesmo que estivessem a condenar alguém inocentemente. Num balanço final a cerca da justiça em “Alice no pais das Maravilhas” posso dizer que para mim é bastante diferente, acho que não é o método mais eficaz para estabelecer a verdadeira justiça entre todos. Se eu fosse o Rato ou o Valete iria sentir-me bastante inferiorizada, injustiçada e frustrada pois não podia fazer nada para mudar o meu estatuto e tinha que obedecer, pois o meu tamanho e poder não me permitiriam opor-me e pelo outro lado se eu fosse a rainha de copas ou a cadela iria sentir-me poderosa e austera por puder julgar quem eu queria, como eu queria, e onde queria. Mesmo assim ainda bem que não vivemos com uma justiça como esta pois ninguém sairia a ganhar, apenas os verdadeiros culpados. Os arguidos inocentes obviamente não ganhavam nada pois eram acusadas injustamente, sem qualquer tipo de provas nem possibilidade de se defenderem. Os acusadores que supostamente querem fazer justiça com quem cometeu os erros, julgam quem esta inocente, e assim não conseguem estabelecer a justiça que é pretendida.  

Justiça ou Injustiça?

“Alice no País das Maravilhas” é uma obra infantil aos olhos de vários leitores, no entanto as entrelinhas são a chave fundamental aquando a leitura da mesma. É uma história encantadora sim, repleta de fantasia e onde tudo é aparentemente irreal e muito distante do mundo que todos conhecemos. Mas não passa disso mesmo, aparência. Ao longo de praticamente toda a obra são visíveis inúmeros casos em que o autor demonstra situações paralelas ao mundo conhecido, não só pelo processo de crescimento em que a Alice se encontra (a adolescência), mas principalmente pela ideia de justiça. Justiça essa que é apresentada como sendo o contrário, daí ser entendida como uma critica implícita ao modo como era exercida na época. É então uma acção praticada por alguém mais poderoso a nível físico, e sempre sob alguém mais frágil, sem hipótese de defesa.
De toda a obra podemos retirar vários exemplos de injustiça, quer em situações de abuso de poder, quer em situações em que o mais forte se apodera do mais fraco, ou o maior do mais pequeno.
No primeiro exemplo é retirada a ideia de que o mais forte se apodera do mais fraco e está presente no seguinte excerto:
“Disse a Fúria ao rato, que encontrou no quintal: Vamos ao tribunal para te condenar por injúria capital. Não podes negar, temos de te julgar porque a manhã é bela, e tenho muito vagar. Disse o rato pr’á cadela: Nenhum auto resultaria de tanta balela; sem jurado nem juiz, de nada te serviria. Serei juiz e jurada, disse a Fúria endiabrada, pois era ideia dela comê-lo de cabidela ou senão caldeirada.”
Esta passagem reforça a ideia de que o julgamento não é efectuado com direito a defesa, pois o destino já está traçado antes de qualquer palavra que possa ser mencionada em favor do acusado. Neste poema, Fúria, uma cadela, irá julgar o rato por “injúria capital” sendo juiz e jurada o que demonstra o poder absoluto e totalitário ao nível do julgamento. O rato sofre bastante, pois desde sempre soube que o seu destino estava já traçado, o que demonstra o carácter tortuoso da justiça.
Para além da lei do mais forte, outros factores reforçam a presença de situações injustas, tais como os sucessivos abusos de poder tomados pela “Rainha de Copas”. A rainha é então metaforicamente alguém que se aproveita do cargo que tem, para se sobrepor a qualquer um, seja para os utilizar como escravos, para os tirar do seu caminho quando tentam travá-la ou até porque simplesmente a sua presença a enraivece.
“Podiam dizer-me, por favor, disse Alice (…) por que é que estão a pintar essas rosas? (…) – Bem, sucede o seguinte, Menina, esta aqui devia ter sido uma roseira de rosas vermelhas, mas por engano plantámos uma de rosas brancas; e, se a Rainha descobre, manda-nos cortar as cabeças, já se sabe. (…) Por este excerto podemos desde já concluir que as cartas que não são figuras (neste caso são jardineiros) são inferiorizadas, de tal modo que delas se apodera um sentimento medronho perante as ordens dadas por alguém supremo. Após a exposição dos seus medos, vem o pior episódio para os jardineiros (…) “Bem vejo! – bradou a Rainha, que entretanto estivera a examinar as rosas. – Cortem-lhes as cabeças!” Daqui concluímos então que falhar é palavra proibida na mente da rainha, sendo que quem o fizer sujeita-se ao pior castigo, um ponto final no caminho percorrido. Reforça então ideia de que é assumido um papel extremamente duro e demasiado pesado por parte da personagem, não permitindo sequer a segunda oportunidade, devido ao excesso de poder. Tudo isto para que o povo adquira o medo, e mais tarde não possua coragem para qualquer afronta. Seja qual for a situação o veredicto da rainha é sempre o mesmo: “Cortem-lhe a cabeça!”, algo que chega a acontecer a Alice por não responder a uma pergunta por ela colocada. “E quem são estes? – perguntou a rainha (…) Como hei-de eu saber? – disse Alice (…) A Rainha ficou vermelha de raiva e, (…) começou a gritar: - Cortem-lhe a cabeça!” Como já tinha sido mencionado, a rainha volta a apoderar-se do poder que tem, mas desta vez com um final distinto. E porquê? Alice não deixou que o medo a envolve-se e fez-lhe frente, deixando a rainha perplexa, acabando por perceber que nem sempre consegue o que quer, daí Alice ir suscitar um certo desconforto para a rainha, daí mais à frente o rei inventar uma regra para que esta seja expulsa do tribunal. Esta atitude de Alice demonstra a luta pela libertação de regras demasiado severas. Depois de inúmeras situações de abuso de poder e como se não bastasse, Alice fica boquiaberta, quando se depara com tamanha falta de remorso. “Alice achou que nunca vira um campo de cróquete tão esquisito em toda a sua vida; era todo aos altos e baixos, as bolas de cróquete eram ouriços-cacheiros vivos, os tacos eram flamingos, e os soldados tinham de dobrar-se e ficar de gatas, para fazerem de balizas.” Algo nunca visto e, mais uma vez, é provado que nas mãos da rainha qualquer um é escravo. Ela quer jogar, e quando há falta de campo os outros que o façam, quer se aleijem ou não e o mais estranho é a ausência de remorso que nela incide. No entanto, Alice nada fez, aproveitando-se de todos os animais para também jogar o que demonstra que afinal também permite que o medo dela se apodere. Igualdade não há e respeito muito menos, é isso que provam todas as atitudes da rainha aqui apresentadas.
“Minha querida, gostava que tirasses dali aquele gato!” E nesta altura, conhecendo o carácter abusivo da rainha, já é previsível a sua reacção: “Cortem-lhe a cabeça!” Era a única estratégia conhecida pela mesma para tratar qualquer problema, fosse ele grave ou insignificante. E o Rei, que apenas se assemelha à sua esposa, nada faz, senão colaborar na decapitação o que demonstra que a maldade e tirania reina toda a comunidade governante e não apenas este ou aquele. Com isto, adquirimos mais uma critica implícita à justiça da época que Lewis Caroll quis introduzir por várias vezes na sua obra.
Se a falsidade e injustiça eram até aqui os principais problemas, agora junto mais dois, a desorganização e falta de conhecimento por parte de alguém que deve dar o exemplo e a ausência de um tribunal com o seu verdadeiro significado. O rei, alguém que concretamente deve ser justo e imparcial em qualquer situação, demonstra em pelo menos três situações que em nada se comporta de acordo com o cargo que lhe é conferido. É então aqui apresentado como sendo infundado nas críticas que faz, possuir falta de conhecimentos para poder exercer o seu cargo e ainda abusador de poder quando tenta enganar tudo e todos com leis por si inventadas. Na passagem “(…) Isso é muito relevante – disse o rei(…) o coelho interrompeu: – Irrelevante quer vossa majestade dizer (…) – Irrelevante, evidentemente, era o que eu queria dizer (…) apressou-se o rei a corrigir”, é explicito o lado pouco sabedor do rei no que diz respeito a dirigir um julgamento, pois nem a correcta utilização das palavras é capaz de fazer. De seguida é apresentada a lei por ele inventada (“Artigo Quadragésimo segundo: Todas as pessoas com mais de quilómetro e meio de altura devem abandonar o tribunal”) com o propósito de excluir Alice da sala, é a prova de que o rei não estudou direito e por isso não tem noção do que está a fazer, e mesmo assim ninguém sem ser Alice arranja coragem para protestar, pois “crescera tanto nos últimos minutos, que não tinha medo nenhum de os interromper”. Aqui temos a prova de que nem sempre é fácil desprezar certos poderes ou características que possuímos, chegando mesmo a servir-nos disso para impor respeito, pois dentro de nós o poder aumentou, mas no fundo sempre foi o mesmo, e embora parta de nós, da nossa consciência, há certos atributos que nos fazem sentir melhor que este ou aquele, algo um pouco mau, mas que é uma realidade.
No fundo, todo o julgamento que é feito ao “valete de copas” (por supostamente ter roubado as tartes à rainha, visto que foi apenas acusado por puro prazer da nobreza), em tribunal é apenas uma maneira de fechar os olhos à população, para que esta tome como real a existência de justiça e igualdade, mas desde o inicio que a decisão estava tomada, só faltava um pouco de teatro perante a sociedade, para que no fim a sentença fosse lida. Como prova disto são as sucessivas acusações infundadas aquando a leitura da carta por parte do rei “ «Era verdade eu bem vi», isso é um testemunho evidentemente. «Se ela levasse isto p’rá frente» … deve ser a Rainha. «O que seria de ti?» Pois, pois, realmente o que seria? «Dei-lhe uma a ela, duas lhe deu» … ora isto deve ser o que ele fez às tartes, está visto… - Mas continua «Todas as dele te devolveu» - disse Alice. Então, pois, não estão ali? – perguntou o Rei triunfante, apontando para as tartes sobre a mesa. – Mais claro que isso não há. ”, ou qualquer uma das outras atitudes por ele tomadas e já aqui referidas.
A principal mensagem é o aproveitamento do medo e inferioridade por parte dos mais poderosos. O objectivo é a justiça, mas a palavra dominante é a injustiça. O objectivo é a verdade, mas o que prevalece é o poder. Será justo condenar alguém por ser mais desprotegido? A defesa é um direito que deve assistir a todos, e nada pode ser um obstáculo. Justiça é fazer com que todos permaneçam de igual para igual. Alguém que não comete qualquer injúria não pode ser condenada apenas pelo tamanho, classe social ou ausência de poder. O poder não pode influenciar uma decisão que pode mudar a vida de alguém. Imparcialidade e honestidade devem ser requisitos indispensáveis em alguém que está ou deve estar a trabalhar para o bom e justo funcionamento de toda uma sociedade. No dia em que a justiça não passar do direito de defesa e acusação por qualquer membro de uma sociedade, teremos um mundo melhor, e é isso que tenta mostrar Lewis Caroll na obra “Alice no País das Maravilhas”.

Catarina Cardoso

Alice no pais das maravilhas

Neste livro de “As Aventuras de Alice no País das Maravilhas” de Lewis Carroll a acção ocorre num mundo irreal onde os animais são personificados e não existem limites para as acções de Alice tal como na imaginação.
A Alice no país das maravilhas é um livro escrito por Lewis Carrol muitas vezes associado a um livro infantil. Muitas crianças lêem este livro e conhecem esta bonita história. Mas, ao longo da minha vida venho a aperceber-me que os livros não se lêem pela capa nem pelo que á primeira vista parece ser, e este livro sem dúvida não é o que aparenta ser. É muito mais do que uma história para crianças requerendo uma capacidade de interpretação que em crianças ainda não possuímos.
Neste livro lido nas aulas de língua portuguesa o tema mais sonante, e que mais duvidas me suscitou, foi o tema da justiça. Por isso esta minha tese vai tratar exactamente este tema.
A primeira reflexão sobre justiça que realizei no decorrer do livro foi na analisa a este poema:
Disse a Fúria
..ao rato, que
....encontrou no
......quintal: Vamos
........ao tribunal para
..........te condenar por
............injúria capital.

..........Não podes
........negar, temos
.....de te julgar
....porque a manhã
..é bela, e tenho
muito vagar.
..Disse o rato
....pr'á cadela:
......Nenhum auto
........resultaria
..........de tanta
............balela;
..............sem jurado
............nem juiz,
..........de nada te
........serviria.
......Serei juiz
....e jurada,
..disse a
Fúria en-
..diabrada,
....pois era
......ideia dela
........comê-lo
..........de cabi-

........dela ou
......senão
....cal-
..deira-
da.

O poema em questão retrata o motivo pelo qual o gato não gosta de cães nem de gatos.
O Rato encontra a Fúria no quintal e esta diz-lhe que o tem de levar a tribunal, com a acusação de injúria capital, o Rato não concorda pois sem juízes e jurados seria a azáfama total e não haveria justiça.
A justiça neste poema é muito escassa uma vez que existiria uma parcialidade imensa se estes animais fossem a tribunal uma vez que o juiz era um dos “arguidos” decidindo obviamente a seu favor. Por tanto, neste caso, a justiça seria de acordo com “ a lei do mais forte” estando o rato em inferioridade pois para além de ser mais pequeno as leis da natureza ditam que os gatos comem ratos apesar de neste caso seja comer simplesmente por comer.
E é assim que o nosso mundo é governado com grande falha a nível de justiça, enquanto pessoas enchem o seu carro com tanques de agua para ver qual dos carros aguenta mais tempo, crianças morrem á sede. Enquanto eu fico triste quando estou despenteado estão no outro lado do mundo crianças sem comida sem água sem nada…
Mas a justiça pode ir para uma dimensão muito mais além, em termos de política, futebol, e até na escola, onde o trabalho e esforço não são reconhecidos e as cunhas e capacidade de persuasão falam mais alto. Quando a verdade vem ao de cima rapidamente é dissipada pelo mais forte, ao longo da história são demais os casos de pessoas que sabiam a verdade e foram condenados à morte para que parassem de espalhar a palavra (Galileu, Sócrates). Sendo, tal e qual como no livro, aplicada a “lei do mais forte”.
Talvez seja esta aplicação de lei que faz com que o mundo viva esta crise, por exemplo, o mundo tem grandes excessos e para isso necessita de grandes quantidades de energia, só possíveis com a queima de combustíveis fosseis, mas existem alternativa, as energias renováveis. Mas estas necessitam de ser desenvolvidas. Mas quem manda é quem tem dinheiro, e quem tem dinheiro é quem tem petróleo e a estas pessoas não interessa o desenvolvimento das energias renováveis, logo, ninguém as desenvolve.
Este tipo de justiça é mais uma vez protagonizada no livro no julgamento do Valete, onde o rei e a rainha usam e abusam da sua autoridade. Não havendo imparcialidade.
É com esta justiça com que nós nos conformamos e agimos como se fosse normal habituando-nos a sacanice e fazendo parte dela. Porque um homem no meio na selva não tem hipóteses de ser civilizado.
É com grande tristeza que reconheço que a justiça que é aplicada no Alice no pais das maravilhas, é a que governa o mundo de hoje. Uma justiça injusta.

Tese sobre o Exercício de Poder

INTRODUÇÃO


Neste trabalho vou tentar fazer uma leitura da obra intitulada “Alice no País das Maravilhas”, um dos mais famosos clássicos da literatura infantil, não como sendo uma história para contar às crianças, mas sim uma obra na qual o autor critica a vivência e os sentimentos da população na época Vitoriana e mais especificamente analisar como é que o autor critica a forma como o exercicio do poder se desenvolvia.

Esta obra foi publicada em 1985, tendo como autor o reverendo anglicano inglês Charles Lutwidge Dodgson,  o verdadeiro nome de Lewis Carroll.

Sabemos que nesta época estava no trono em Inglaterra a Rainha Vitória, que tinha um poder constitucional muito limitado, embora tivesse alguma influência nas resoluções políticas, ela não determinava a polítca a seguir, dado não ter poder de decisão.

Na nossa época por definição considera-se:
  Poder  s.m. direito ou capacidade de decidir; agir e ter voz de mando; autoridade
          Dicionário Houaiss da Lingua Portuguesa, Instituto de António Houaiss de Lexicografia Portugal


Ao nivel social o povo era sufocado pela rigidez da moral e pelas regras sociais. Foi uma época de tensão entre o moderno e a tradição, entre a religião e a ciência, e na qual a literatura passou a ter uma importância crucial na vida dos indivíduos e da sociedade, tendo-lhe sido conferida as funções moralizante (purificar a sociedade dos vícios e ajudar a resolver os seus problemas, apontando para um caminho que proporcionaria o bem-estar e a esperança) e pedagógica (comportamento das senhoras na sociedade, aconselhamento quanto à saúde e à educação dos filhos).




O EXERCÍCIO DE  PODER  NA OBRA DE ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS


No início do primeiro capítulo, Alice denota um estado de aborrecimento por não ter nada de interessante para fazer.

Se quisermos transpor a personagem de Alice para um individuo pertencente à sociedade Vitoriana, o seu estado de tédio, cansaço, aborrecimento, na realidade, pode ser considerado como sendo causado pela monotonia das regras sociais que se tornavam opressoras, da liberdade de cada indivíduo.

Um pouco mais à frente ainda no início deste primeiro  capítulo, como que de magia se tratasse um coelho branco desperta em Alice a curiosidade da aventura, do prazer, da diversão. 

Alice acaba por entrar na toca sem pensar nas consequências dos seus actos, sem pensar na punição. Esta atitude de Alice seria considerada normal à luz da nossa sociedade, que encara o período da adolescência como um período de procura de novas experiências, mas pode ser também considerada uma transgressão à sociedade da época, em que as crianças eram educadas para se comportarem como adultos. O universo infantil era povoado pelos conceitos de aprovação, medo e culpa. Os adultos recebiam a pressão da sociedade e passavam-na para as crianças. Os pais representavam a moral da sociedade.

O autor nesta passagem critica a sociedade da època, as suas regras rígidas , a educação das crianças, a opressão a que a população em geral estava sujeita, não cumpre logo desde o início da sua obra nem a função pedagógica nem a função moralizadora que eram atribuídas à literatura da época.

Ao longo de todo o livro Alice depara-se no seu caminho com imensos obstáculos. Quando Alice tem de transpor uma barreira, ou seja, precisa de um saber e de um poder para transpor o obstáculo, estes saber e poder são-lhe dados mágicamente (objectos que aparecem, mudanças de tamanho que acontecem,transformações físicas).

Estes elementos mágicos que aparecem a Alice, podem ser entendidos como uma critica à sociedade Vitoriana, que desenvolvia um tipo de pensamento lógico e racional, e à necessidade de um trabalho muito àrduo para se conseguir qualquer objectivo, muito próprio da forma de pensar do séc. XlX.
Assim o autor consegue criticar a moralidade dogmática religiosa e a postura rígida, racional e opressora da sociedade, que pensava assim poder resolver todos os problemas da sociedade.

No final do livro aquando do julgamento podemos verificar que apesar de os seres mágicos temerem a rainha de copas, as sua ordens de decapitação, nunca são cumpridas.
A rainha de copas é considerada como irritadiça e autoritária que vê nas decapitações solução para todos os problemas.

Esta rainha é também considerada como possuidora de um julgamento simplista e duvidoso.
Alice enfrenta a autoridade da rainha de forma aberta quando a encontrou pela primeira vez e por fim no tribunal.

Esta atitude de Alice de enfrentar a rainha de copas é uma maneira de se opor ao poder que esta representa, em busca da libertação da rigidez das regras sociais que só era possivel a nivel da fantasia, dado que na sociedade real isto seria impossível de acontecer.

Mais uma vez vemos que o autor faz uma critica à sociedade Vitoriana, por um lado incapaz de se contrapor ao poder como Alice fez no seu mundo de fantasia e também directamente à figura da Rainha Vitória, que sendo uma importante figura a nível social e económico, no entanto acabava por ser uma figura sem qualquer poder, assim como a rainha de copas ao longo da história.

O regime politico em Inglaterra desse período era a monarquia parlamentarista, regime no qual se adopta o sistema parlamentar de governo, no qual o monarca não governa, assumindo apenas a função de Chefe de Estado, que é um cargo representativo. O poder é exercido pelo Ministro de Estado, ou Primeiro Ministro.




CONCLUSÃO


A leitura desta obra é difícil, dado que só depois de fazer uma pesquisa sobre o autor e perceber o contexto histórico em que ele se encontrava, é que consegui perceber as analogias que o autor faz entre as personagens desta história com a população da época e os orgões de soberania.

Ao contrário da literatura da época este livro de Lewis Carroll não é escrito com a função de educar ou moralizar. O autor por trás de um livro aparentemente destinado às crianças faz um apelo à reflexão, levando o leitor a pensar na possibilidade da existência de um mundo diferente, representado no País das Maravilhas como um refúgio mágico, no qual os individuos se podem libertar da opressão do poder, das regras sociais impostas pelo poder e assim viver aventuras e experimentar o proibido, sem medo das punições.

Lewis Carroll, utilizando um discurso diferente do que era utilizado na sua época, mostra a sua insatisfação com asociedade que o rodeia, e também uma vontade de agir de forma a modificar esta sociedade, embora seja no plano do sonho, da fantasia que a literutura lhe permite.

Metamorfose

A palavra “metamorfose” no dicionário significa mudança, transformação. As mudanças que enfrentamos durante a nossa vida podem ser drásticas, quer para o ser humano, quer para os animais, plantas e o mundo que nos rodeia. A transformação da lagarta para a borboleta, o crescimento da criança para a fase adulta. Sim, são transformações que por muito que queiramos que não ocorram, elas acontecem e não há nada que possamos fazer. São irreversíveis.
Mas para Alice há sempre um momento em que podemos parar o tempo, e podemos ter a oportunidade de entrar num mundo dos loucos, um mundo sem responsabilidades ou preocupações. O país das maravilhas.
E se conseguíssemos voltar atrás no tempo? Seriamos a mesma pessoa que somos hoje? Claro que seria óptimo reviver os bons momentos que passámos, mas crescemos todos os dias. Evoluímos. Por vezes a mudança pode-nos tirar da nossa zona de conforto, mas o melhor de tudo é que nos torna pessoas melhores e mais fortes.
E para Alice as pequenas mudanças físicas que ocorreram tornaram-na numa criança especial, que se tinha tornado numa adulta, que nunca perderia o seu coração simples e generoso da sua infância e que ficaria sempre guardado como um tesouro as suas incríveis aventuras do país das maravilhas.
A obra começa quando Alice decide seguir um Coelho Branco que usava um colete, falava e conseguia ler as horas. No momento em que Alice cai naquela toca a sua aventura começa. A primeira metamorfose física que ocorre em Alice é quando se encontra numa sala, e que nessa sala está uma mesa de vidro com uma chave dourada em cima dela que abre uma pequenina porta para um lindo jardim. Ao desejar conseguir caber dentro da porta encontra uma garrafa com uma etiqueta a dizer “bebe-me”. Ela decide beber o conteúdo da garrafa mas repara que está a diminuir rapidamente de tamanho. Depois deseja novamente crescer e encontra um bolo com a palavra “come-me” escrita no bolo. Ela come-o e lá começa a crescer de uma forma estrondosa.
Ora, para Alice e para todos nós crescer e diminuir de tamanho num zapping é anormal. Quando comemos ou bebemos nunca teria passado pela nossa cabeça que poderíamos mudar fisicamente tão rapidamente. Sempre a subir e a descer. Deve ser muito difícil saber quem realmente afinal nós somos. Por isso Alice começa a duvidar dela própria e começa à procura da sua identidade pessoal tentando responder às três perguntas essenciais da obra: “Quem sou eu?”, “O que sou eu?” e “Como sou eu?”.
 “ - É que sabe-se lá se isto não vai acabar comigo a desaparecer completamente com uma vela - disse ela para consigo. - Que serei eu então?” (capítulo I). Neste excerto do capítulo I é a primeira vez que Alice começa a questionar-se acerca da sua identidade. A vela após ser apagada não existe nada para além do pavio apagado. E para Alice isto assusta-a porque a situação de mudar de altura é algo de novo para ela e nunca se sabe o que pode ocorrer. Ao comparar o nada com a sua altura intensifica ainda mais este processo de metamorfose.
Outro caso em que há uma metamorfose por causa da ingestão de comida ou bebida, é quando no capítulo IV Alice entra dentro da casa do Coelho Branco e encontra uma garrafa ao pé de um espelho com uma etiqueta escrita a dizer “bebe-me”. Para Alice isto já não é novidade encontrar comidas e bebidas em que não há rótulos de veneno, a não ser etiquetas com as frases imperativas “come-me” e “bebe-me”. Ela já está à espera que aconteça algo. Alice deseja crescer um bocadinho e chegar à sua estatura normal mas toma demasiado líquido e volta a crescer tremendamente.
Quando acabei de ler o segundo capítulo a primeira coisa que veio à minha cabeça foi que quando Alice bebe ela diminui de tamanho, e quando come aumenta. Porém o capítulo IV vem a contradizer tudo. Neste caso Alice bebe o líquido da garrafa e cresce, e come os pequenos bolinhos e diminui de tamanho. Cheguei à conclusão de que não são os bolos, nem o conteúdo das garrafas que decidem o destino de Alice. É a Alice que decide qual será o próximo passo a dar. Ao desejar no país das maravilhas, tudo se torna realidade.
A personagem que aparece no quinto capítulo é a Lagarta Azul, um animal que muitas vezes é comparado como o animal da metamorfose. A transformação de uma lagarta para uma belíssima borboleta. A Lagarta começa a falar com ela perguntando: “Quem és tu?” e Alice responde que já não sabe quem ela é. A Lagarta acha muito estranho não saber quem ela é e ajuda Alice a tentar procurar a sua identidade. Ordena a Alice que recite “Já és velho, Pai Guilherme”, mas como já tinha errado ao recitar “Olha o lindo crocodilo” também errou este.
O papel que a Lagarta Azul tem neste capítulo é o de mentor de Alice. Ele tenta que Alice entenda que não importa a altura que tenhamos, importa o nosso carácter e dignidade, e é isso que nos torna boas pessoas. Mesmo assim Alice não consegue chegar a essa conclusão e teve de aprender da maneira difícil: aprendendo com os seus erros. Já no capítulo VI consegue-se ver uma mudança na forma como Alice vê o país das maravilhas, e como já teve que tornar a ser mais responsável ao levar a bebé-porca da casa louca da Duquesa. Talvez por ter a sua estatura normal se sinta mais imponente em relação aos outros.
É no último capítulo quando Alice é chamada no julgamento que ela se transforma numa “borboleta”. Ela foi obrigada a mudar de altura, fazer recados a Coelhos, ter que recitar vários poemas e dizer o que uma Rainha maquiavélica quisesse ouvir mas finalmente conseguiu: tornou-se adulta.
Posso chegar à conclusão que a obra de “Alice no País das Maravilhas” não é um conto para crianças mas também pode ser utilizada na vida dos adultos. Por vezes quando crescemos nunca mais acreditamos em coisas que não existem e perdemos a fé e a imaginação. Mas para Alice isso nunca irá perder. Tal como a sua irmã mais velha diz no final, Alice continuará a ser bondosa e terá sempre o seu coração de criança, porque mesmo que queiramos apagar essa parte de nós, uma criança estará sempre na nossa mente e coração, e eu acho que é essa mensagem que Lewis Carroll tenta transmitir. Não importa as mudanças que iremos passar ao longo da vida. Importa que permanecemos verdadeiros e fiéis a quem nós realmente somos e nunca mudarmos de personalidade.

Justiça

Justiça: virtude moral que inspira o respeito pelos direitos de cada pessoa e a atribuição do que é devido a cada um.
Neste livro, a ideia de justiça vai se modificando de personagem para personagem e de situaçao para situaçao, não sendo um conceito fixo para todos.
Durante a leitura do livro “alice no pais das maravilhas” podemos nos deparar com variadissimos conceitos de justiça. o conceito de justiça  no mundo de Alice, é uma acção exercida por alguém superior a todos, sendo neste caso o rei ou a rainha é que decidem a condenação do sujeito e não utilizam o grupo de Jurados para ajudarem estes a chegar a uma decisão.
Os varios exemplos de injustiças cometidas ao longo do livro-Ex:
quando Alice encontra o rato, este conta-lhe uma história, nessa história há uma “definição” de justiça: este conta a Alice que um dia ele foi acusado por uma Fúria de injúria capital sendo acusado sem direito a defesa (sem direito a julgamento, nem a tribunal), pois esta iria representar tanto o juiz e como o jurado da própria acusação. O rato apesar de ter achado esta situação injusta teve de aceitar as condições, pois estava sob o poder exercido pela Fúria (que era maior, mais poderosa e forte-lei do mais forte).
Na situação do rato, a Fúria é comparada ao  rei que tem o poder absoluto e que decide tudo e o Rato é comparado ao povo que é de certa maneira obrigado a aceitar  as consequências.
 Neste exemplo podemos comparar este tipo de justiça com a justiça feita à muitos séculos atrás, feitos na idade média, na qual era o rei quem decidia a condenaçao do jeito como mais lhe agradava.
Na situação do rato a Fúria é comparada ao rei que detém o poder absoluto e que decide tudo e o Rato é comparado ao povo que é de certa maneira obrigado a acartar com as consequências dos actos de outras pessoas ou até mesmo dos seus.
2º Ex: Capítulo 12 – “O Depoimento de Alice”,o Rei, pediu silêncio e leu em voz alta: - Regra número quarenta e dois: Todas as pessoas que tenham mais de mil e quinhentos metros de altura deverão abandonar o tribunal . Neste excerto, o Rei  inventa naquele momento esta nova regra a modo de fazer alice abandonar o tribunal.
Ao longo do tempo, o Rei e a Rainha vão chamando várias pessoas para depor,  mas isto não os vai ajudar a decidirem a condenação do Valete. Isto porque, eles não querem mesmo saber da opinião nem das histórias dos outros, pois o que interessa nesse tribunal é a decisão deles e não a dos outros. Na minha opiniao  eles so utilizam estes testemunhos, de forma a tentarem  esconder o seu poder de decisão para não aparecer  óbvio para o resto das pessoas naquele tribunal.
Quando o Coelho Branco, num determinado momento, recebe uma carta com nenhuma indicaçao  de quem escreveu e a quem se dirigida, o Rei e a Rainha, tentam culpabliza-lo, só para terem uma prova para o condenarem. Porém, esta carta não era de facto uma prova concreta a dizer que  o Valete tinha cometido o crime. Mas, como eles queriam culpabliza-lo de alguma maneira, estes inventavam  ao decorrer do tempo,  histórias e provas falsas para tentar provar aos outros presentes que o Valete era culpado dos seus actos. Este episodio acontece no Capítulo 12 – “Depoimento de Alice
Na minha opinião, as técnicas jurídicas utilizadas nesta obra são de certa forma injustas e egoístas. Esta liberdade que O Rei e a Rainha de copas possuem na obra, vai permitir que estes “inventem” as leis que quiserem sem consequências para condenar o sujeito em depor.
Conclusao: Com esta situação o autor quer de certo modo fazer uma crítica ao sistema de justiça da sua época e do seu país, pois este diz que o rei não devem ter o poder absoluto porque assim este pode fazer o que lhe apetecer, agindo conforme lhe apetece acusando injustamente a pessoa em questão, que normalmente não tem poder nenhum.
No mundo real a definição de justiça é oposta à do país das Maravilhas que representa a imaginação de Alice, no mundo real a justiça é uma coisa boa que geralmente é feita para combater legalmente o mal ou uma má acção que alguém cometeu e pela qual se deve ser acusado e consequentemente assumir as suas consequências.

Sílvia Amaral

Ideia de justiça e exercício de poder

Neste texto vou desenvolver dois dos tópicos que o professor nos apresentou que são: o exercício de poder e a ideia de justiça, temas estes presentes na obra ‘Alice no País das Maravilhas’ de Charles Lutwidge Dodgson, nome verdadeiro do escritor Lewis Carroll.
 Vou abordar estes dois temas apresentando exemplos explícitos do livro mencionado no parágrafo anterior. O que nos é contado nesta história é um sonho e ao mesmo tempo uma fantasia, fala-nos sobre justiça e poder com o irrealismo próprio de um sonho, não sendo propriamente as leis que gerem a sociedade actual, nem a nossa realidade nem o que vivemos no dia-a-dia.
            Justiça de acordo com o dicionário define, significa uma acção ou um poder de julgar alguém, punindo ou recompensando.  
            Poder de acordo com o dicionário significa direito de agir, decidir e mandar.
            De certo que estes dois conceitos estão muito presentes na obra. Neste livro quem tem todos os poderes é o Rei e a rainha, cometendo assim muitos erros no seu reinado, que tem características absolutistas.
            Nesta passagem “- Silêncio! - e leu o caderno: -Artigo Quadragésimo-segundo: Todas as pessoas com mais de quilómetro e meio de altura devem abandonar o tribunal; Toda a gente olhou para Alice.; - Eu não tenho um quilómetro e meio - protestou Alice.; Tens, sim senhora – disse o Rei; Quase dois quilómetros! – Alvitrou a Rainha; Pois seja como for, não me vou embora – declarou a Alice. – Além disso, isso não é nenhum artigo normal. Inventou-o agora mesmo”.
Neste excerto da obra vê-se que o poder do Rei é total mas também que não está organizado, porque numa monarquia existem leis estabelecidas             que não podem ser mudadas em momento algum só porque alguém o pretende ou lhe convém.
            Nesta passagem também se vê que há uma grande desorganização em tribunal “- Não, não! – protestou a Rainha. – A sentença primeiro e o veredicto depois.”
            Agora vou apresentar três excertos da obra que mostram como o Rei e a Rainha têm o poder total sobre tudo e todos.
            “O Sete mandou o pincel ao chão, e ia a dizer: - Bem, isso é que foi uma grande injustiça… - quando reparou em Alice, que estava a observá-los, e depressa recuperou a compostura. Os outros também olharam em volta, e todos se curvaram numa vénia pronunciada.; - Podiam dizer-me, por favor, - disse Alice, um pouco timidamente – por que é que estão a pintar essas rosas? ; - O Cinco e o Sete não disseram nada, mas olharam para o Dois. Este começou, em voz baixa:; - Bem, sucede o seguinte, Menina, esta aqui devia ter sido uma roseira de rosa vermelhas, mas por engano plantámos uma de rosas brancas; e, se a Rainha descobre, manda-nos cortar as cabeças, já se sabe. Por isso, bem vê, Menina, que estamos a fazer o nosso melhor, antes que ela chegue, para…”, “- Bem vejo! – Bradou a Rainha que entretanto tivera a examinar as rosas. – Cartem-lhe as cabeças! – E o cortejo avançou, ficando três soldados para trás para executar os infelizes jardineiros, que se foram abrigar junto de Alice.” E por fim “- Mas que foi? – Perguntou a Alice; - Disseste <Mas que pena!>? – Inquiriu o Coelho.; - Não, não disse – respondeu Alice. – Não tenho pena nenhuma dela. Perguntei <Mas que foi?>; Puxou as orelhas à Rainha… - começou o Coelho.; Alice soltou uma curta gargalhada. – Oh cala-te! – Sussurrou o Coelho, assustado. – A Rainha ainda te ouve! Estás a ver, é que ela chegou muito atrasada, e a Rainha disse…; Já para os vossos lugares! – Trovejou a Rainha, e todos começaram a correr em todas as direcções (…).”
            Como já mencionei nestes excertos vê-se como o Rei e a Rainha são poderosos, podem mandar executar qualquer pessoa, causam medo, fazem tudo o que querem, podem e mandam.
            Este livro é uma obra clássica. Tem uma história surreal, revelando uma lógica do absurdo que se vê nos sonhos.
Tem várias interpretações. Uma delas pode significar que esta história represente a adolescência, com a entrada repentina na toca do Coelho e as diversas mudanças de tamanho e o facto de ela já não saber ao certo quem era, faz lembrar um pouco a mentalidade dos adolescentes. 
Agora em relação aos tópicos que mencionei no princípio do texto, já se percebeu que o Rei e a Rainha tinham o poder total e faziam tudo o que desejassem Tinham o poder legislativo, judicial e executivo, pois eram eles que faziam as leis, executavam-nas e julgavam-nas.
Embora esse poder não fosse muito bem desempenhado, porque não cumpriam as leis estabelecidas no reino, quando lhes convinha criavam na hora novas regras, para além de como queriam ter o controlo sobre tudo acabavam por não desempenhar correctamente as suas verdadeiras funções de soberanos.
Nesta obra penso que no que respeita à justiça é desorganizada, não tem qualquer ordem e sem respeito por quem está a ser julgado, nem pelas personagens presentes no julgamento, quer fossem as acusadas ou as que estavam a testemunhar, porque se lermos atentamente as passagens do livro apercebemo-nos que, por exemplo, durante o julgamento o próprio Rei não sabe o que fazer para arranjar provas para julgar o culpado e dar a respectiva sentença.
Na minha opinião o que se descreve na história da Alice não está correcto, nem é o que deve acontecer numa comunidade justa, porque numa sociedade tem de haver leis e regras bem definidas que respeitem os cidadãos e a liberdade uns dos outros. Também tem que existir governantes que por sua vez sejam cumpridores dessas mesmas leis para que as saibam e possam fazer cumprir, só assim poderá haver uma sociedade justa para todos sem excepção, independentemente da sua origem, categoria ou estatuto.
O poder deve estar na mão de alguém com princípios e bem formado para que não se sinta dono e senhor do mundo e sim que está a trabalhar para o bom e justo funcionamento de uma comunidade.