terça-feira, 3 de maio de 2011

Alice no país das maravilhas - a relação entre o poder e a injustiça

Ideia de Justiça.
No livro ‘Alice e o país das maravilhas’ de Lewis Carroll , são abordados especialmente diversos temas. Temas estes que o autor relaciona com o nosso quotidiano.
A ideia de justiça é um dos temas falados. Ao longo da obra encontramos várias passagens onde está presente este tópico. Por exemplo na página trinta e cinco :
Disse a fúria ao rato,
Que encontrou no quintal:
Vamos ao tribunal para te condenar por injúria capital.
Não podes negar,
Temos de te julgar porque a manhã é bela,
E tenho muito vagar.
Disse o rato para a cadela:
Nenhum auto resultaria de tanta balela;
Sem jurado nem juiz,
De nada te serviria.
Serei juiz e jurada,
Disse a fúria endiabrada,
Pois era ideia dela, comê-lo de cabidela ou senão caldeirada.

Neste poema , está expressa uma ideia de justiça. Avaliando ao nível da história, o gato apenas tenciona comer o rato, por este ser um animal de baixa estrutura física. Isso revela um desrespeito pelos seres menores, pela parte do gato.  
Podemos comparar o rato com Alice. A menina quando está pequena tem medo dos grandes e quando se encontra grande não tem medo de ninguém
            Porém existe também outra comparação, com o mundo real. Na nossa realidade o "maior" ou "menor", dito por outras palavras o "superior" e o "inferior", estão bem presentes. Aqueles que têm maiores capacidades e conhecimentos no mundo, aproveitam-se dos que realmente têm de trabalhar. Políticos, empresários, ou seja, os mais poderosos não pensam em como beneficiar os de classe baixa, limitam-se a ser egoístas e pensarem exclusivamente neles. O que leva a várias dificuldades por parte dos por eles nomeados de ‘inferiores’, e por inferiores referem-se ao povo. Pensam que tudo podem fazer e consequências não aparecerão, porque no final uma medíocre população a comparar com a poderosidade deles não é nada.
E esta ideia de justiça leva-nos a pensar se regimes democráticos são na realidade verdadeiras democracias, onde todos são livres de exprimir opiniões e de lutarem por aquilo que querem. Se pensarmos muito no assunto chegamos à conclusão que não , muitas destas democracias são meramente teóricas, porque na práctica quase nada acontece como está no papel. Como não acontece, desencadeia maus estar por parte de quem sofre perante tal situação . Isto leva à revolta do povo e em diversos países a revoltas sociais, greves ou manifestações. No entanto, será que nos leva a algum lado? Com o tempo vamos vendo que não , pequenas manifestações não chegam para combater as desigualdades sociais presentes neste mundo, os que se intitulam de superiores saem sempre imúnes. Na minha opinião, precisávamos de uma reviravolta a sério, senão, não saiemos desta situação.

Relacionado com este tema da justiça podemos ainda encontrar um poema dito por alice em tom de canção , na página 23, este poema surge apartir de uma tentativa de Alice de modo a ver se ainda se lembrava do mundo exterior ao país das maravilhas.
Olha o lindo crocodilo                           Como parece rir de mansinho
Com a sua lustrosa cauda,                      Que bem estende as suas garras,            
Que despeja as águas do Nilo             A receber os peixinhos                           
Em cada escama dourada!                     Na sua risonha bocarra!

Este é mais um exemplo de como a justiça está implícita na Obra ‘Alice e o país das maravilhas’. Conseguimos relacionar com o exemplo dado anteriormente.
O crocodilo ingere os ‘peixinhos’, animais pequenos que logicamente terão medo dele e respeito e não se vão opôr ou resistir.
Através deste exemplo , percebemos também a intenção do autor em destacar uma parte importante do nosso quotidiano , as desigualdades sociais. E ao mesmo tempo que as destaca relaciona-as também com a menina.

Exercícios de poder

O poder e a justiça , são dois temas relacionados e que são apresentados em conjunto no livro de Alice.
Apartir do sexto capítulo, encontramos presenças em termos de ‘exercício de poder’ ou dito por outras palavras, abuso dele. Neste capítulo o valete interpreta o lugar de réu e é acusado de ter roubado as tartes da rainha, por sua vez o rei interpreta o papel de jurado e de acusador. Como vemos, este sistema de justiça não é o mais correcto , pelo contrário. O Rei ocupa o papel de acusador e por sua vez o de jurado também, mas ao serem a mesma pessoa é lógico que não será um julgamento justo, pois o rei irá beneficiar-se a si próprio e prejudicará o valete. O conceito de justiça está aqui explícito, de maneira incorrecta.
Alice não habituada a tal desordem judicial , contesta as decisões durante o julgamento. Pois segundo ela e a sua ainda pequena capacidade de compreenssão, uma pessoa seja de sexo fôr, nacionalidade fôr ou de que religião fôr , não pode , ou não deve, ser acusada sem provas que indiquem que a pessoa é culpada. De acordo com o sistema que supostamente é adoptado pelos países democratas, o homem começa inicialmente por ser acusado, após acusação este tem direito a defender-se de modo a provar que é inocente , no entanto senão houver nenhum tipo de provas o acusado não pode ser condenado.
O contrário acontece no livro de ‘Alice e o país das maravilhas’, o Valete só pelo facto de o rei o acusar já é culpado , senão arranjar uma forma de se defender não é considerado inocente.





O tema inicialmente falado, acerca da ‘ideia de justiça’ e este último ‘exercício de poder’, estão inteiramente relacionados.
Quem tem poder , tem de ter justiça. Pois, o uso do poder não pode ser tão excessivo de modo a levar à injustiça. No entanto , grande parte das vezes é o que se sucede e quem tem mais poder é quem é mais injusto. As pessoas mais importantes não sabem gerir a sua importância e acabam por cometer erros graves e cruciais. O pior é que grande parte desses tais erros não os prejudicam a eles próprios, prejudicam sim quem está de fora. E com tanto prejuízo, chega um dia onde o poder acaba. Mas nesse mesmo dia , vem alguém apoderar-se dele e continuar com a injustiça , que esssa infelizmente vais estar sempre presente.

Sem comentários:

Enviar um comentário