segunda-feira, 2 de maio de 2011

Este livro é cheio de magia e de coisas fabulosas, mas como surgiu tudo isto?

 Esta era uma curiosidade minha, e calculo que também seja vossa, e por isso decidi escrever sobre o nascer desta história.
Como já sabemos este livro foi escrito por Charles Lutwidge Dodgson, mais conhecido como Lewis Carroll, nasceu em Inglaterra, foi matemático, lógico, fotógrafo e romancista.
Ingressou na Universidade de Oxford e foi convidado para aí permanecer como professor de Matemática.
Enquanto professor em Oxford, conheceu aquele que viria a ser o seu grande amigo, Henry Liddell, pai de 3 meninas.
No dia 4 de Julho de 1862 convidou as três filhas do seu amigo Liddell, que se chamavam Alice (com dez anos), Lorina e Edith, para um passeio de barco no rio Tâmisa. Durante o passeio as três meninas pediram para que lhes contasse uma história. Ele começou a contar uma história que deu origem à actual. Só quando o passeio acabou é que a história terminou. Nessa mesma noite, Lewis escreveu toda a história. Chamou-lhe Alice Debaixo da Terra. Só dois anos mais tarde, em 1864, é que a tornou a ler. Acrescentou-lhe algumas personagens, acrescentou alguns capítulos e alterou o título para Alice no País das Maravilhas.
Quem lê este livro e descobre um mundo de aventuras e personagens mirabolantes, onde tudo parece governado pelo acaso e criado ao sabor da imaginação de Lewis Carroll, engana-se.
 Muitas das personagens e situações do livro foram inspirados em pessoas e factos reais pertencentes ao quotidiano de Lewis e da comunidade onde viveu.
 Foi Alice Liddell, a filha do seu amigo, que inspirou Lewis para dar vida à pequena Alice. No entanto, apesar da proximidade entre ambas as diferenças eram também evidentes: Alice Liddell era uma rapariga morena, banal e insípida, ao contrário da Alice de Lewis que era loira, esperta e espevitada.
Lewis aproveitou as características mais marcantes de algumas dos seus colegas na Universidade de Oxford e utilizou-as na caracterização de algumas das personagens dos seus livros como por exemplo:
A Lagarta que dá conselhos a Alice que simboliza os professores e o seu colega Duckworth que inspira Lewis no desenho do Pato.
Também o dia do Lanche Maluco não é uma data ao acaso mas sim o dia de aniversário de Alice Liddell, 4 de Maio.
A história que o Chapeleiro e a Lebre de Março contam a Alice sobre as três irmãs que vivem num poço de mel, Elsie, Lacie e Tillie, refere-se às três irmãs Liddell.
Os poemas e os versos que Alice recita, e que parecem não ter sentido nenhum, são sátiras aos poemas enfadonhos que as crianças inglesas daquela época tinham que saber de cor.
Este livro contém inúmeros problemas de matemática e lógica ocultos. Muitos enigmas contidos na obra são imperceptíveis para os leitores actuais, pois continham referências da época, piadas locais e trocadilhos que só fazem sentido na língua inglesa.
Como as expressões idiomáticas ”louco como um Chapeleiro”, “louco como uma Lebre de Março” e “sorrir como um gato de Cheshire” (correntes no período vitoriano).
“Sopa de Tartaruga Fingida” corresponde à “Mock-Turtle Soup” corrente em Inglaterra, sendo um caldo feito com cabeça de vitela de modo a imitar sopa de tartaruga.
Nesta história não só podemos encontrar referências à época, a pessoas e ao próprio autor mas também podemos identificar locais / simbologias:
A nogueira onde aparece o Gato de Cheshire, o gato que está sempre a rir, ainda hoje pode ser vista no jardim do Colégio de Deanery.
Na Catedral de Ripon, existe talhada em madeira uma imagem de um grifo que serviu de inspiração para o Grifo amigo da Falsa Tartaruga,o grifo é também o símbolo do " Trinity College".
A Porta que Alice ordena ao criado Rã que abra, é a caricatura da porta Norman da sacristia da Igreja onde o pai de Lewis Carroll era Reverendo.
Gostei muito de ler este livro e por isso achei importante saber mais pormenorizadamente como foi criado e quais as influências na escrita de Lewis Carroll. Considero Alice no Pais das Maravilhas um livro que desperta curiosidades, mostra-nos coisas irreais e acho que é esse o motivo pelo qual é um livro tão apreciado pelas pessoas. O ser humano interessa-se pelo que não conhece, temos consciência das nossas limitações e andamos sempre com a sensação de que há muito por descobrir e este livro ajuda-nos a descobrir e a entrar num mundo maravilhoso.

Sem comentários:

Enviar um comentário