sábado, 8 de outubro de 2011

Tempo não é dinheiro ! Tempo é vida !

O avanço tecnológico deveria aumentar a produtividade e reduzir o tempo de trabalho. Porém, na prática isso não se verifica: as estatísticas oficiais dizem que quase um milhão de portugueses trabalha mais de 40 horas por semana e que a média nacional é superior à europeia. Por exemplo, nós portugueses somos conhecidos por trabalhar até mais tarde (não necessariamente com a correspondente produtividade - aliás, a nossa maior fraqueza, muito conhecida), tendo como consequência o facto de dispormos de menos tempo para a família, os amigos e o lazer.
Embora algumas vezes seja por necessidade, é frequente as pessoas trabalharem mais apenas pelo dinheiro. Há efectivamente uma tendência para as pessoas orientarem as suas vidas em função do dinheiro. Contudo, sabe-se que a felicidade não é conquistada através do dinheiro. O objectivo de ganhar mais dinheiro em detrimento de ter mais tempo livre e longe do trabalho acaba por provocar um desequilíbrio familiar. Pode dizer-se que aqueles que procuram felicidade na acumulação de dinheiro e riqueza não estão necessariamente a assegurá-la: o materialismo provou estar negativamente associado a muitas das medidas de qualidade de vida.
Todos pensam no tempo como algo para o trabalho, necessário para "ganhar a vida", pois sempre ouvimos o ditado de que "Tempo é dinheiro", e instituiu-se um modo de vida moldado na troca do tempo dedicado ao emprego ou à realização de algo por dinheiro.
A divisão do trabalho e a apropriação social do seu resultado girando em torno do emprego levam à "alienação do trabalho": Os três conceitos confundem-se: tempo, trabalho e dinheiro parecem ser três aspectos de uma mesma realidade.
O tempo do trabalho é visto como o tempo que se vende, e não parte da vida livre, e o trabalho é visto como um encargo necessário, não uma contribuição espontânea ou algo que acrescente alguma coisa, uma atitude que mude alguma coisa.
Tempo, dinheiro e trabalho são conceitos distintos. Tempo é vida, dinheiro é reserva de valor ou meio de troca e o trabalho é esforço para gerar valor. As acções dão-se no tempo, mas não podem ser remuneradas em dinheiro porque a sua maior recompensa é o próprio valor que geram.
Alienação do trabalho é pensar que a nossa finalidade é destinada apenas à remuneração do esforço, e não a gerir valor. A utilidade social da pessoa é o seu maior valor e o dinheiro é uma expressão deste valor acumulado, um reconhecimento.
A expressão "Tempo é dinheiro" dramatiza a importância do tempo: “Não desperdice tempo - está a desperdiçar dinheiro!"
Somos ensinados a dar mais valor ao que recebemos do que ao tempo que dedicamos a executar tais acções. A criança que brinca é mandada para a escola para aprender uma profissão para depois conseguir um emprego, ganhar dinheiro e com ele poder, enfim, brincar...
Cultiva-se o mito do ócio como ideal de vida, mas o trabalho é o caminho para atingi-lo. Trabalha-se durante a semana para viver o fim-de-semana. Trabalha-se um ano para gozar a vida nas férias. Depois de "ganhar a vida" vendendo horas de seu trabalho, o empregado visualiza a reforma como um paraíso de ócio, sem nada para fazer.
Grande engano é pensar que o tempo é uma coisa, algo que se possa ter ou que falte... Viver é fazer escolhas e, portanto, administrar o tempo é eleger prioridades. Escolher algo implica abrir mão de outras opções. Se esta escolha for consciente e responsável, o valor de tudo aquilo de que se abre mão transfere-se para aquilo que se escolheu fazer. Errado é fazer algo e depois lamentar o que se deixa de fazer...
Tempo não é dinheiro! Conseguir dinheiro é que é uma questão de tempo. Tempo é vida. E o valor da vida não tem preço! Administrar bem o tempo é viver bem, é qualidade de vida.
De facto, todo o tempo da vida é um tempo livre cujo sentido, significado e finalidade são dados pela própria pessoa. Não se trata apenas de "matar o tempo" com o ócio, mas de fazer algo que responda às necessidades de realização.
            A vida livre é mais rica justamente no trabalho. Não no trabalho alienado em que se troca o tempo pelo dinheiro, mas no trabalho que dá sentido, que enobrece a alma e gratifica, que desenvolve potencialidades e estabelece vínculos afectivos.

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