sábado, 8 de outubro de 2011

Será o Homem livre? - texto argumentativo

Será o Homem livre?

Temos actos involuntários (respirar, fazer a digestão, crescer etc.), que são essenciais e inconscientes e onde a vontade do sujeito não intervém. Em sentido contrário, as acções do homem são voluntárias ou seja, podemos escolher o que queremos e o que não queremos fazer. Beneficiamos desse poder de escolha mas, uma vez que somos racionais, nem tudo é assim tão simples... O Homem durante o seu desenvolvimento, é sujeito desde sempre a factores sociais que o determinam a agir de certa maneira. Aprendemos a distinguir o certo do errado, aprendemos as regras de comportamento e, assim, vamos adquirindo os valores pelos quais nos devemos reger.

Com tudo isto tornamo-nos conscientes das nossas acções e por isso ponderamos e só depois executamos. Temos na nossa cabeça uma espécie de balança onde pesamos o que e bom e mau, as vantagens e desvantagens e funciona como um género de um tribunal porque quando não fazemos as coisas bem julgamo-nos e, muitas vezes, ficamos como se costuma dizer com a consciência pesada.

Como vivemos em sociedade adquirimos valores. Os valores, que já foram referidos anteriormente, são muito importantes porque interferem com o modo de pensar e agir de cada pessoa. Eles são bipolares ou seja, têm um lado negativo e um positivo ex.: desleal / leal. Cada sujeito hierarquiza os seus valores no entanto, numa sociedade, os valores são parecidos porque senão fosse assim, não haveria uma sociedade. Assim, o Homem não tem liberdade para fazer tudo o que quer, porque apenas realiza aquilo que o seu superego (consciência moral da mente humana e representa os valores da sociedade) permite. Por outras palavras o Homem só é capaz de fazer aquilo que é socialmente aceite e aquilo que está de acordo com os valores da sua própria personalidade. Posto isto, o Homem não pode ser livre, porque se o fosse só haveria lugar para um ser humano na Terra mas, vivemos numa comunidade onde as nossas decisões interferem com os outros. “A minha liberdade começa onde acaba a dos outros”.

No nosso dia-a-dia vivemos restringidos por muita coisa, nomeadamente, por leis, costumes, valores, tradições. Somos conduzidos a comportarmo-nos seguindo um padrão. E provavelmente se não seguirmos minimamente esse padrão poderemos ser presos, constantemente mal tratados, julgados pelos outros etc. O próprio homem inventou estas leis pelas quais temos de nos seguir e para além disso inventou modos de penalizar quem não obedece a tais ideais.

Há também outros pontos que são obstáculos à liberdade humana. Existem coisas, muitas coisas que são superiores a nós e que não conseguimos controlar. Não podemos ter a juventude eterna, não podemos alcançar o Céu, não podemos controlar a morte, não podemos controlar certas doenças etc. Estes são apenas exemplos de imensas áreas onde não conseguimos interferir. Embora o Homem viva com isso não deixa de afirmar que é livre, algo que, se reflectir pode concluir que, não é livre de maneira nenhuma. Talvez seja por isso que certas pessoas, pelo contrário, acreditam que na vida o homem tem de se sacrificar e só assim conseguirá atingir a liberdade após a morte.

O homem é racional e pondera demasiado as coisas e por isso acabamos por ser talvez menos livre que os animais que são irracionais mas seguem os seus instintos.

Concluo então que o Homem tem uma liberdade limitada. E que o conceito de liberdade nunca poderá existir num sentido absoluto.

Deixo aqui algumas questões que podem levar a um maior aprofundamento deste tema que é uma incógnita…

-Nos dias de hoje vivemos com uma liberdade relativa...será que no caso de atingirmos a liberdade absoluta, conseguiríamos viver com isso?

-Será que só se atinge a liberdade após a morte?


-Será que não existe liberdade total devido à nossa existência? Será que o Homem necessita de se auto-restringir?

Mafalda Caldeira

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