segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sermão de Santo António aos peixes

Na quarta secção do sermão o termo que prevalece é o verbo “comer”. É utilizado somente para comparar os peixes com os homens e nomear os defeitos, as injustiças e a maldade existentes hoje em dia. O sentido literário da palavra perde importância visto que o sentido figurado é na nossa sociedade a verdadeira realidade.
Não se trata portanto de comer-mos para sobreviver. O comer a que se refere Santo António está muito longe de ser imprescindível. É apenas a maneira mais fácil que os homens encontram para progredir na vida. É claramente mais fácil derrubar e prejudicarmos quem nos rodeia em vez de nos esforçarmos de maneira limpa e justa. Como afirma Santo António os homens comem-se mais na cidade e civilização do que os Tapuias numa tribo de canibais e de uma maneira igualmente animalesca.
O que se vê nos dias de hoje é a procura do homem pelo alimento que não o pode alimentar, por quem pode comer, explorar e deitar abaixo sem remorso algum. E outro aspecto interessante é que, como acontece nos peixes, são sempre os maiores que comem os mais pequenos. Quem tem recursos tem a tarefa facilitada. Os pequenos são a maioria das vezes os pobres e mais fracos que não podem agir perante este funcionamento. Já que se escolhe agir deste modo era mais eficaz comer um grande que serve de alimento para inúmeros pequenos.
O que acontece é uma coisa que não se observa á superfície mas sim compreendendo a personalidade maldosa da gente de hoje. Vemos assim homens que desesperadamente anseiam por acabar com os outros, pois cheios de cobiça, não são inteligentes o suficiente para crescer de outra maneira. Pois o engraçado é que antes mesmo de sermos comidos pela terra como manda a vida somos já alimento enquanto vivemos na terra.  

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