Democracia
é um regime de governo em que o poder de tomar decisões políticas está com os
cidadãos, directa ou indirectamente, por meio de representantes eleitos.
Mas
será que o voto por si só torna um regime numa democracia?
A
democracia não pode ser exercida apenas nas celebrações históricas ou quando
votamos.
Sem dúvida que o voto é importante e
confere-nos a possibilidade de escolher por quem somos representados.
Mas com a
democracia surgem também novos direitos, valores que têm de ser tomados em consideração.
O que nos
faz duvidar se vivemos realmente numa democracia é a falta de um valor que tem
de estar na base de qualquer sociedade, a justiça!
Num regime
democrático tem de vigorar a igualdade e a justiça, mas infelizmente nem sempre
é o que acontece.
Para o
desenvolvimento de um país, sem dúvida que é imprescindível o sucesso de áreas
como a saúde ou a educação, mas sem a justiça nenhuma delas será suficiente.
Precisamos
de sentir que votamos e somos representados por pessoas que procuram o melhor
para o país, mas sobretudo para aqueles que o habitam, que tomem medidas
proporcionais a todas as classes e que a política não seja desacreditada por
falta de equidade.
A política é
fascinante, um mundo onde se pode lutar por ideias, ser empreendedor e tentar
ajudar directamente as pessoas.
Mas não é
esta a ideia que a maioria de nós tem, desde pequenos que ouvimos a sociedade
criticar a classe política, porque não sentem um equilíbrio entre aquilo que
lhes é exigido e os exemplos de quem os governa.
Tudo isto
descredibiliza uma democracia, quando sentimos que o esforço é só de alguns
deixamos de pensar em conjunto como uma verdadeira sociedade e centramo-nos
apenas em nós e naqueles que nos são mais próximos.
Começamos
também nós a viver acima das possibilidades, na verdade o estado é uma empresa
de todos, e é assim que deveria ser visto, é necessária uma visão de conjunto
para que todos nós o preservemos em vez de o explorarmos.
Temos o
exemplo de Portugal, um país democrático, com um óptimo clima, sem conflitos
religiosos ou terrorismo, um país em que durante anos ouvi falar em crise, mas
a forma como via toda a gente viver não me levava a dar grande valor a esta
palavra.
Os
portugueses viviam de créditos e o próprio estado vivia acima das suas
possibilidades.
Numa
democracia nós votamos em partidos ou em pessoas conforme sejam eleições
legislativas ou presidenciais. Nestas ocasiões são apresentados programas
eleitorais e verificamos que os mesmos nem sempre são cumpridos.
Temos de ter
a capacidade e o direito à indignação, não nos podemos conformar e temos de
lutar pelos nossos direitos e mostrar aqueles que não tem esperança que é
possível lutar em conjunto, é importante influenciarmo-nos uns aos outros na
vontade de melhorarmos o nosso país, por nós e pelas próximas gerações, que se
pensarmos já devem ao estado por erros que não são deles.
Isto é
justo?
Não é, mas a
dívida tem de ser paga, os erros não desaparecem.
Mas à sempre
a possibilidade da mudança, alterações profundas que mexam com muitas ideias
que já estão enraizadas em nós, temos de olhar para o passado e aprender, para
não cometermos os mesmos erros.
A figura
central do estado têm de ser os cidadãos, a política tem de ter como fim as
pessoas!
Os cidadãos não se podem sentir violados nos
seus direitos, tem de haver respeito por aqueles que sempre trabalharam e
contribuíram com os seus impostos para mais tarde terem direito a uma reforma
condigna e proporcional à sua vida laboral, o que cada vez mais está posto em
causa.
Isto é
democracia?
A falta de
preocupação com as necessidades básicas do ser humano é incompreensível.
Tem de haver
prioridades e as pessoas são a prioridade!
Foram anos
em que houve imensos erros sem dúvida, algo tem de mudar, concordo. Mas não de
um dia para o outro, é necessário tempo para nos restabelecermos, criarmos
metas sem que isso comprometa o essencial para as pessoas.
Este não é
um assunto controverso, penso que é um ponto comum na reflexão de todos os
cidadãos, no entanto isso não acontece, o governo toma as suas medidas independentemente
da calamidade que isso possa gerar, principalmente quando as pessoas não têm
exemplos de sacrifícios dos decisores políticos.
Quando a
justiça começar a funcionar em pleno e as pessoas forem responsabilizadas pelos
seus actos, com alguma rapidez, para não se verificar a comum prescrição de
casos que só revolta as pessoas, talvez aí possamos todos juntos lutar por uma
sociedade mais justa, onde haja fiscalização e espaço para o empreendedorismo,
oportunidades para novas ideias, uma sociedade em que os políticos saibam o que
é a vida quotidiana e aquilo que realmente tem importância para o bem comum!
Os
portugueses são conhecidos por serem bons e solidários, precisamos de sonhar,
mas com consciência dos limites.
Precisamos
da cultura e de alargar os horizontes e não nos cingirmos ao materialismo da
vida.
É necessário
sabermos o nosso valor, mesmo antes de sermos valorizados no estrangeiro,
porque só com tudo isto podemos viver numa verdadeira democracia onde vigore a
responsabilidade individual de cada um, a liberdade e a JUSTIÇA!
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