A referência utilizada por Ovídio faz-nos lembrar a obra "Os Lusíadas" de Luís de Camões, mais especificamente o episódio da llha dos Amores. Após terem alcançado a Índia e terem sido aclamados como heróis pelos seus feitos gloriosos, os navegadores precisavam de ser recompensados. Porém, não havia objetos materiais valiosos dignos de recompensa para os heróis portugueses. Por isso, na viagem de volta a Portugal, as naus realizam uma paragem numa ilha desconhecida no meio do oceano Índico. Nessa maravilhosa ilha a deusa Vénus premeia os heróis lusitanos, com um merecido descanso e comprazeres divinos. Os marinheiros portugueses podiam encontrar todas as delícias da Natureza e as sedutoras ninfas com quem tinham liberdade de entrar em jogos amorosos. Este prémio coloca os heróis num patamar superior aos outros seres humanos, a imortalidade. Podemos comparar estes tópicos de imortalidade e liberdade em Camões com a Idade de Ouro, pois nesses dois conceitos encontramos o homem a ser caracterizado como puro, imortal e com liberdade completa, sem leis nem castigos para os condenar. Com isto, é possível afirmar que o episódio da Ilha dos Amores é uma actualização da Idade de Ouro de Ovídio.
Concluindo, as duas obras acima referidas não tinham somente estes aspetos em comum. Também foram escritas a criticar a sociedade em que os escritores se encontravam e possuiam mistura deliberada entre a mitologia e a realidade.
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