quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Tragédia e Drama

Na memória ao conservatório real, Almeida Garrett considera que o conteúdo de Frei Luís de Sousa tem todas as características de uma tragédia. No entanto, chama-lhe drama, por não obedecer à estrutura formal da tragédia.

O drama e a tragédia, de uma maneira, encontram-se interligados. Enquanto na tragédia o desfecho resulta sempre de uma catástrofe, ou uma morte, no drama o desfecho não tem de ser necessariamente trágico. O drama romântico é um género teatral em que aparecem unidos o elemento trágico e o cómico, o sublime e o grotesco.

No Frei Luís de Sousa tanto apresenta características da tragédia como do drama. As características relacionadas com a tragédia clássica são: a classe social das personagens principais é elevada, as personagens revoltam-se contra o destino (a que se dá o nome de hybris), como o caso de Manuel de Sousa Coutinho durante o incêndio, e há a presença do sofrimento quando Madalena pensa no seu ex-marido, D. João I de Portugal ou quando Maria, uma vítima inocente, morre.

As características relacionadas com o drama romântico são: o texto é escrito em prosa e não em verso, do que é normalmente esperado da estrutura de um drama, a afirmação constante do nacionalismo, com a rejeição da presença dos castelhanos em território português; não existe a unidade de tempo nem de espaço, que normalmente são 24 horas na tragédia; e a presença de apóstrofes, frases exclamativas e interrogativas, frases inacabadas (com reticências), hipérboles para as personagens exprimirem os seus sentimentos.

Frei Luís de Sousa não pode ser considerado nem uma tragédia nem um drama. Porém apresenta muitas mais similaridades a um drama romântico do que a uma tragédia, tornando Almeida Garrett o romancista português.

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