quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Terror na tragédia

Aristóteles dizia que “A tragédia é a imitação de uma acção séria e concluída em si mesma que, mediante uma série de casos que suscitam piedade e terror, tem por efeito aliviar e purificar a alma de tais paixões.”

A tragédia não passa de uma chamada de atenção para o ouvinte para comparar-se com a personagem, colocando-se na mesma situação, de modo a compreender as suas acções e sentir o que ela sente naquele momento. No momento em que estamos no mesmo patamar que a personagem, nós somos a personagem, daí a tragédia ser um tipo de peça teatral tão pessoal.

A tragédia desperta ao auditório os sentimentos de compaixão, piedade e terror. O terror é um sentimento que pode ser imediatamente presente na peça, como uma morte, como pode ser representada durante toda a obra quando são peças teatrais mais sangrentas, e serve para despertar não só um sofrimento passado, como também despertar novos medos.

Temos como exemplo a obra do escritor grego Ésquilo, “Prometeu Agrilhoado” que conta a história de como Prometeu virou-se contra Zeus e todos os outros deuses imortais, para ajudar os mortais e que no final recebe um castigo severo: ser acorrentado a uma rocha e ser o alimento de uma águia até morrer. Como Prometeu virou-se contra os deuses e ao seu destino que já era marcado, aconteceu-lhe uma coisa terrível. Até mesmo uma pessoa de boa índole pode sofrer, tal como reparamos no final da obra de Frei Luís de Sousa em que Manuel de Sousa Coutinho e Madalena, resolvem tomar o hábito religioso, tornando-se uma espécie de mortos-vivos. A morte é algo de que toda a gente teme e utilizando-a como uma lição de aprendizagem para o espectador é bem pensado.

Com isto concluo que o terror é importante para a tragédia. Se não existisse o medo ou o receio na tragédia, o auditório de certeza que não acharia tão estimulante. O terror despoleta no ser humano uma reacção de choque e de purificação espiritual, que não o deixa indiferente a uma mudança de atitude ou de vida.

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