sexta-feira, 16 de novembro de 2012

D. Sebastião Rei de Portugal e Nuno Álvares Pereira


D. Sebastião

- A presença de uma figura mítica e louca como a de D. Sebastião na obra Mensagem de Fernando Pessoa pode assumir a forma de resistência, estimulo e superação de uma época de desânimo e desespero em que a Nação se encontrava. A loucura pode ser compreendida como uma voz inaudita de resistência às regras opressivas que dominavam a sociedade, sendo a loucura de D. Sebastião encarada como que um sopro de esperança.

- Ao dizer “ficou meu ser que houve, não o que há”, afirma que o que morreu e permaneceu no areal (campo da Batalha de Alcácer-Quibir) foi o seu corpo e não a sua alma que ainda se encontrava viva. No último verso “cadáver adiado que porcaria” significa que apesar de ainda estar vivo de forma espiritual ele estaria sempre inexoravelmente destinado à morte.
D. Sebastião sonhou-se imperador do Quinto Império e esse seu sonho resistiu à sua morte.

- Dizia Fernando Pessoa que “Império é domínio e pode ser domínio material, domínio intelectual e domínio espiritual…” Após a Batalha de Alcácer-Quibir muitos autores se debruçaram sobre o assunto do Quinto Império mas entre todos eles, Fernando Pessoa foi aquele que melhor o conseguiu entender.


Como Fernando Pessoa caracterizava o 5º Império:

“… o futuro de sermos tudo, fundindo portuguesmente todas as religiões no Paganismo Superior. Não queiramos que fora de nós fique um único Deus! Absorvamos todos os Deuses! Conquistámos já o Mar, resta que conquistemos o Céu, ficando a terra para os Outros, os eternamente Outros, os Outros de nascença, os europeus que não são europeus porque não são portugueses. Ser tudo de todas as maneiras, porque a verdade não pode estar em faltar ainda alguma coisa…”


- Mas o que é este Céu? O Céu representa o limite, a barreira que o povo português teria que ultrapassar para se conseguir erguer de novo. Representa a ideia de nos superarmos a nós mesmos, de pensarmos e olharmos cada vez mais além. Pessoa afirma que aquilo que os portugueses realmente precisavam era de uma renovação de ideais nas suas mentalidades para poderem evoluir. Teriam que recuperar o espírito aventureiro e ousado que em tempo já possuíram.


- Quinto Império será pois a face mais visível de uma nova “religião”, de uma nova ordem de ideias, de um recomeço que o poeta propunha para o país. No fundo o Quinto Império e a figura de D. Sebastião não são mais do que uma procura de algo mais seguro e duradouro para o povo. Se tomarmos atenção podemo-nos aperceber de que Pessoa se projecta sempre no futuro pois aquilo que é profere nos seus poemas é o futuro que ele anseia para Portugal. Um Império desta forma só faria sentido para Fernando Pessoa numa dimensão espiritual. Todo este nacionalismo mítico pretendia renovar a mentalidade de um país que o poeta via a decair cada vez mais.

- Ao fim e ao cabo o que o poeta tentou fazer foi conferir a Portugal um novo sentido de existência. O poeta indica que o país tinha capacidades para se regenerar e se entregar a um novo tipo de ideal, mas para tal teria que procurar bem fundo nas suas raízes os mitos (eternos e que ajudaram na construção da História de Portugal) ancestrais que conferiam a Portugal toda a sua essência, tal como F.P. foi buscar o mito de D. Sebastião.

- Embora D. Sebastião tenha falhado no seu empreendimento, foi em frente, teve coragem e morreu em grandeza, numa batalha por Portugal e é essa a ideia que deve permanecer dele na mente dos portugueses após a sua morte.

Nos “Lusíadas” vemos referências a D. Sebastião tanto no início como da obra, na proposição pois esta foi dedica ao Rei D. Sebastião e no final, no canto X há de novo uma referencia mas de descontentamento…



Nuno Álvares Pereira

- Tal como Fernando Pessoa, muito outros autores, entre eles Camões, se lembraram de Nuno Álvares Pereira, o Condestável, como um homem valente e fiel à Pátria e ao mesmo tempo um homem de fé. O poeta ao dizer “S. Portugal em ser” está a fazer uma figuração daquilo que há de mais puro e mítico em Portugal. E a expressão “Ergue a luz da tua espada para a estrada se ver!” está a apelar à inspiração de N.A.P para que os portugueses conseguissem encontrar de novo o caminho para a grandeza, um vez que se tinham perdido.

- No poema é referida uma auréola que toma dois significados: o de santidade (guerreiro que se tornou monge) e o de combate. Com isto quer ele dizer que a santidade que N.A.P alcançou foi a custo dos seus actos de bravura e guerreiro pois é a sua espada que desenha o círculo acima da sua cabeça., destacando-o assim dos outros homens como Santo.
Pessoa afirma que a espada não é uma qualquer, não era uma espada de guerreiro comum. Estabeleceu então uma analogia entre a espada de N.A.P e a espada Excalibur do Rei Artur.
No final do poema é pedido a N.A.P que erga a sua espada para que os portugueses encontrem o caminho que deviam seguir no futuro.

- F. Pessoa inicio este poema com uma pergunta retórica acerca de N.A.P. e os restantes versos são as respostas a essa mesma pergunta. Pessoa chega mesmo a dizer que o valor de N.A.P é maior do que o do Rei Artur visto que o primeiro passou de realidade a mito e o segundo não passava apenas de um mito que muitos afirmavam ter sido realidade. Tal como o Rei Artur estava pré-destinado a erguer a sua espada Excalibur, Nuno estava também destinado a erguer a sua espada que o guiou na Batalha.

- Os últimos versos do poema podem ser interpretados como um conselho aos portugueses. Se quisessem alcançar glória e reconhecimento deveriam seguir o exemplo de N.A.P.
No final há um apelo para que ele indique o caminho a seguir para o Império que há-de vir (Quinto Império que já referi)

- Tudo isto se pode relacionar com os Lusíadas e a citação que nele aparece “numa mão a lança e noutra a pena” ou seja, por um lado N.A.P era um guerreiro forte, corajoso e destemido na área de combate mas por outro lado era também conhecedor de arte e inteligente. O que isto nos dá a entender é que para conseguirmos alcançar o patamar de merecimento de reconhecimento e valo tal como N.A.P há que haver um equilíbrio interno entre a sensibilidade e a força.

 


Excalibur


O filme faz uma recreação do mito. Segundo este, Excalibur estava à guardiã da Dama do Lago e trespassada num rochedo, apenas o Eleito seria capaz de a arrancar de lá.

Arthur que era filho ilegítimo de Uther foi o Eleito, tornando-se assim Rei da Grã-Bretanha, pois o seu destino era trazer paz e fim a longos anos de guerra.

No filme, para além da se falar da espada Excalibur fala-se também do Segredo do Santo Graal que era: o homem consciente da sua Natureza, do seu lugar no Mundo e da sua sabedoria.

Na procura do Santo Graal morreram todos os guerreiros menos Percival pois foi ele que conseguiu exercer o segredo do Graal. Foi também Percival que no final do filme lança a espada de novo ao Lago, a mando de Arthur.

No filme existe também uma dimensão de Romance. O triângulo amoroso entre Uther, Guineverre e Lancelot é um ponto importante a ter em conta ao longo do filme, sendo também importantes os encontros amorosos entre eles.

Ao longo de todas estas cenas que descrevi há um acompanhamento musical de fundo, da banda sonora de Wagner. A parte musical ajuda a complementar a para de imagem.

À medida que a emoção transmitida pelas imagens vai aumento, há uma intensificação da parte musical, fazendo com que os espectadores se envolvam completamente na acção.

A música assume a sua expressão máxima no final, quando Percival atira a Espada ao lago. Com este retorno de Excalibur ao lago há como que um feixe num ciclo que pertencia ao reinado do Rei Arthur. Este antes de morrer devolve Excalibur à Dama do Lago, tal como se encontrava inicialmente. Arthur viaja até à Ilha da Eternidade ao som da música “Marcha Fúnebre de Siegreid” de Wagner, num bonito pôr-do-sol acompanhado de três damas vestidas de branco sendo as últimas palavras que profere: “Um dia chegará um Rei e a Espada ressurgirá das águas”.

Diz-se por isso que a lenda de Excalibur foi a lenda fundadora de Inglaterra, conferindo assim aos seus Reis poderes para que conseguissem governar devidamente o seu país.

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