terça-feira, 6 de novembro de 2012

D. Afonso Henriques e D. Dinis- Apresentação Oral


A mensagem, de Fernando Pessoa está dividida em três partes: o Brasão, o Mar Português e o Encoberto.

O quinto poema, D. Afonso Henriques e o sexto poema, D. Dinis, fazem parte da primeira parte da Mensagem, o Brasão, ou em latim, Bellum sine bello que significa "Guerra sem armas".

Representa um ideal de conquista espiritual e humano, não só a nível religioso como também cultural que tem importância no que ocorreu no passado e que influência terá no futuro. Simboliza o passado, o que é eterno que normalmente é descrito como a nobreza espiritual do herói português.

O primeiro poema que eu vou apresentar é o de D. Afonso Henriques.

QUINTO / D. AFONSO HENRIQUES

 

Pai, foste cavaleiro.

Hoje a vigília é nossa.

Dá-nos o exemplo inteiro

E a tua inteira força!

 

Dá, contra a hora em que, errada,

Novos infiéis vençam,

A bênção como espada,

A espada como benção!

 

D. Afonso Henriques foi o primeiro Rei de Portugal cognominado O Conquistador, não só pela fundação do reino de Portugal, como também pelas suas inúmeras conquistas.

Penso que esta estrofe da Mensagem relaciona-se com o episódio da Batalha de Ourique, dos Lusíadas. A batalha de Ourique foi a prova da existência de um Portugal independente por vontade divina que tornou-se assim eterno.

O objetivo de D. Afonso Henriques não era só o de reconquistar a península Ibérica. Queria também impulsionar a fé cristã e neste episódio da Batalha de Ourique, embora os números dos inimigos, dos “infiéis” como são descritos na Mensagem” fossem superiores, Deus ajudou o povo português a concretizar esse sonho.

Neste poema, o “Eu”, o povo português roga ao seu salvador, ao primeiro Rei de Portugal que ele seja tomado como o exemplo a seguir, que lhes dê a força e a bênção que recebeu de Deus e da sua vontade divina para enfrentarem os mouros. Tal como os mouros foram o obstáculo de D. Afonso Henriques na expansão territorial e na expansão da fé cristã, também para os portugueses, ”os novos infiéis”, serão uma atualização desse mesmo obstáculo.

O segundo poema que irei apresentar é o de D. Dinis.

SEXTO / D. DINIS

Na noite escreve um seu Cantar de Amigo

O plantador de naus a haver,

E ouve um silêncio múrmuro consigo:

É o rumor dos pinhais que, como um trigo

De Império, ondulam sem se poder ver.

 

Arroio, esse cantar, jovem e puro,

Busca o oceano por achar;

E a fala dos pinhais, marulho obscuro,

É o som presente desse mar futuro,

É a voz da terra ansiando pelo mar.


D. Dinis I  foi o sexto Rei de Portugal, cognominado o Lavrador pela plantação dos pinhais de Leiria e também é reconhecido como o Rei Trovador ou o Rei Poeta, pelo seu interesse nas Letras e nas Ciências.

Na primeira estrofe é possível destacar esses dois interesses: o seu interesse pela poesia, na passagem que diz “Cantar de Amigo” e o interesse pela terra, pela plantação de pinheiros.
Nesta passagem “ouve um silêncio múrmuro consigo”, o Rei inicia uma meditação pessoal acerca do futuro dos portugueses. D. Dinis pressente que esta fala misteriosa dos pinhais, que já ondulavam na sua imaginação remete para o futuro dos portugueses pelo mar em que formar-se-á um novo império, o quinto império, muitas vezes nomeado ao longo da obra de Fernando Pessoa.
Camões apresenta uma perspectiva completamente distinta de D. Dinis, em relação à perspectiva de Fernando Pessoa. Enquanto o D. Dinis de Camões preza a construção de Portugal e de suas instituições, o D. Dinis de Fernando Pessoa anseia pelo mar e pelo desconhecido.O tema central deste poema é o futuro. A perspectiva temporal remota a este rei que irá inaltecer as glórias futuras de Portugal e, é evidente que a mensagem do poema se centra sobretudo no futuro, no destino previamente traçado pelos portugueses.

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