Este poema trata do fingimento e a criação artistica; a racionalização dos sentimentos (<<sinto com a imaginação./nao uso o coração>>); no fundo, é uma explicação do que é o fingimento.
Este poema relaciona-se com autopsicografia onde se diz que o coração é um comboio de corda que gira sem razão, a razão condiciona o movimento mantendo-o <<nas calhas do roda>> para que continue a girar.
Este poema tem uma extrutura de texto argumentativo: é apresentada uma tese/introdução, esta é desenvolvida e por fim, há uma conclusão.
A tese deste poema é que fingir é diferente de mentir. O primeiro pode relacionar-se com o fingimento poetico, este é a intelectualização do sentir (imaginar-se), racionalização dos sentimentos vividos pelo poeta, ele sente-os, pondera-os, pensa neles e intelectualiza-os, tornando possivel perceber o que sente atraves deste proceso. Ele não mente, nunca no acto da criação do poema ele mente.
A sensação poetica é filtrada pela imaginação, no entanto, nunca no poema são escritas mentiras. Ele sente com a imaginação, não usa o coração mas isso não é mentir é racionalizar os sentimentos para encontrar algo mais belo mas que é inacessível.
Na segunda extrofe temos o desenvolvimento. O sujeito poetico pretende ultrapassar o que lhe <<falta ou finda>>. Vemos a distinção entre o mundo real (o terraço) e o mundo ideal (essa coisa que é linda). O objectivo do poeta é, atraves da racionalização, alcançar a coisa bela.
Na ultima extrofe, temos a conclusão, a conclusão do poeta é conseguir ultrapassar o que está á sua volta (isto é a única verdade para aqueles que dizem que ele mente, não conseguem ver mais nada sem ser o que esta á volta do poeta, não conseguem ultrapassa-la, mas ele consegue.
A poesia não é a expreção imediata das sensações, o verdadeiro poeta sente, pensa no que sente, tem um periodo de incubação e só depois, escreve o que sentiu, pois primeiro tem que perceber o que sentiu, tem que saber o que sentiu, tal só é possivel atraves da intelectualização.
<<Por isso>> -- pode ser visto como a conclusão do tema, como a chegada ao fim da sua explicação, o poeta já chegou á conclusão
Na última linha do poema o poeta apresenta ironia <<sentir! Sinta quem lê!>> Ele está a adoptar uma possição de ironia a concordar com as pessoas que são "inferiores" a ele, as pessoas que dizem que ele mente, que não conseguem alcançar a sua inteligência e perceber que o que ele faz não é mentir.
Tanto aqui como em mais ocasiõens no poema é possivel observar a distinção feita entre o poeta e outros como ele, que são capazes de perceber que ele não mente, e os "outros" que julgam que ele mente e que não vêm nada sem ser onque está á sua volta. Isto é visto em partes como: <<dizem>> que se refere a eles, <<não.>> refere-se ao eu, ao poeta,<<do meu>> e <<sinta quem lê>> outra vez a separação entre o poeta e os outros, eles.
O fingimento poetico não é o mesmomque mentir, é algo que o poeta usa para se conseguir abstrair e assim chegar a algo que é lindo.
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