quarta-feira, 13 de março de 2013

Síntese da apresentação "Ela canta, pobre ceifeira"

Ao longo de toda a sua obra Fernando Pessoa, procura a construção do sujeito, a sua própria constituição através do autoconhecimento, consegue-o com o confronto entre o interior e o exterior.
Neste poema em particular, retrata a ceifeira, comparando-a consigo próprio, uma senhora que representa a naturalidade do trabalho e um estatuto muito próprio na vida, ainda que demostre aceitação e resignação, aparenta felicidade.
Apresenta um ser autêntico, aquilo que Pessoa procura, uma essência inquestionável.
Ao contrário do autor que pensa naquilo que é, a ceifeira não, funciona através de um impulso irracional.
Na análise do poema podemos dividir numa primeira parte em que há a caracterização da ceifeira, e do seu canto, os elementos exteriores.
As últimas três estrofes representam as emoções do sujeito poético face ao canto da ceifeira, um universo mais íntimo do sujeito poético.
Ao longo do poema podemos observar várias antíteses, que representam a própria realidade.
É descrita a felicidade inconsciente da ceifeira que é contrariada pelo pensamento do próprio sujeito poético, por meio destas mesmas antíteses.
São também apresentados diferentes horizontes e realidades distintas para a ceifeira e para o sujeito poético.
Há também uma aspiração ao impossível de Fernando Pessoa ortónimo, no desejo da inconsciência, mas a extensão dos seus sentimentos é diminuída pelo seu pensamento, todo este processo leva-o a interrogações como se a ignorância potencia a felicidade.
No final do poema podemos observar o desejo do sujeito poético ser invadido pelas sensações o que leva a concluir uma anulação momentânea da sua personalidade, uma morte espiritual.
O tópico central é o canto da ceifeira, como metáfora da felicidade que é aspirada.
Este poema leva a interrogações como o que é realmente a felicidade e como pode ser possível atingi-la.
Conclui ainda a apresentação com o confronto com o poema “The Solitary Reaper” de Wordsworth, e ainda com algumas referências ao livro do Desassossego.
Este poema encerra o impossível encontro de opostos e as contradições entre sentir e pensar, consciência ou inconsciência.
 
Mafalda Baptista da Costa

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