terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Síntese da apresentação sobre "Madame Bovary"

É um clássico da literatura francesa escrito em 1857, século XIX, por Gustave Flaubert.
Um dos aspectos que mais me interessou no livro foi a descrição detalhada, não só dos aspectos físicos e da natureza, mas também dos sentimentos das personagens.
Quando lemos a história não conseguimos alhear-nos dos contextos em que as personagens se inserem.
No lançamento deste livro, Flaubert foi levado a tribunal onde proferiu a famosa frase: ”Madame Bovary c’est moi”.
Para mim o tópico central do livro é Ema Bovary, uma personagem profunda e complexa.
Se a história fosse resumida não tendo em conta os detalhes que envolvem a personagem e a sua vida, seria muito fácil julgá-la pelas suas atitudes, mas com a leitura do livro conseguimos colocarnos no lugar da personagem e compreender os motivos que a levam a ter determinadas atitudes.
Ema sempre viveu num mundo cheio de fantasia, mergulhado na literatura romantica que ela tanto apreciava, mas o sonho da sua cabeça não se transpôs para a realidade e o casamento de Ema tornou-se uma monotonia, sendo esta que leva Bovary a cair em aventuras mais sérias, que a conduzem à verdadeira infelicidade.
Monotonia essa que pode ser observada na seguinte passagem :”Depois de ter usado o coração como isqueiro sem conseguir fazer saltar a chama, incapaz de compreender o que não sentia , como, aliás, de crer no que quer que fosse que não se manifestasse por formas convencionais, Ema persuadiu-se sem custo que a paixão de Carlos nada tinha de exorbitante. As suas expansões tinham-se tornado regulares; abraçava-a a certas horas. Era um hábito entre os outros, como uma sobremesa de antemão prevista, após a monotonia do jantar.”
Carlos era apaixonado por Ema, mas era também muito controlado pela sua mãe.
Numa determinada altura, nasce Berta filha de Carlos e Ema, mas esta bébé não tem um papel muito importante na vida da mãe. Os problemas de Ema giram à volta de muitas coisas, mas Berta não é uma das suas preocupações.
Ema tinha um mundo próprio, vivia dentro da sua imaginação, mas não a conseguia transpôr para a sua vida diária, começava aqui a incoerência que a impedia de atingir a verdadeira felicidade, a madame Bovary, conseguia apenas viver alegrias momentâneas, tais como as idas à opera ou um novo interesse romântico.
Esta personagem era muito bela e conseguia reunir a exuberância e a descrição.
Era irreverente, mas ao mesmo tempo precisava muito de carinho e atenção, talvez por isso a necessidade de recorrer ao adultério.
No fundo Ema precisava de se sentir amada para se conseguir amar .
Era criticada por não ser religiosa e ler muitos romances. Ema é uma personagem bela, inteligente, romântica mas acima de tudo insaciável, vive num constante estado de apreensão.
No final do livro Ema escolhe a morte em vez de enfrentar os problemas da vida, afinal Carlos representava o oposto de tudo aquilo que ela desejava.
Outros tópicos que poderiam ser abordados no livro era a inveja (na profissão de Carlos), a luxúria, a vaidade e as criticas à religião e à sociedade como podemos confirmar na seguinte passagem: “coisas absurdas em si mesmas e completamente opostas, aliás, a todas as leis da física; o que mostra, diga-se de passagem, que os padres têm levado a vida a corromper-se numa ignorância torpe, em que se esforçam por arrastar com eles todo o povo.”
Um aspecto curioso neste livro é a passagem do protagonismo de Carlos para Ema, o que mostra a forma como ele é subjugado por esta mulher.
Uma frase que na minha opinião mostra a atitude de Ema, é que Ema não comete uma falta, inaugura um vício. A partir do momento que Bovary está convicta na escolha do caminho que a conduz à felicidade não vai voltar atrás.
Uma das coisas que li no inicio do livro é que o vinho se torna em vinagre pelas circustâncias da vida. Não devemos julgar os outros sem tentar antes compreender os motivos das suas acções, tal como  Blaise Pascal dizia: “o coração tem razões que a própria razão desconhece.”
No filme Vale Abraão realizado por Manuel de Oliveira baseado neste livro, dois dos aspectos que mais me interessaram foi a música melancólica, calma mas ao mesmo tempo pesada que para mim caracteriza na perfeição a vida de Ema, e também o facto de na sua generalidade ser um filme narrado o que mostra que apesar de tudo Ema tem uma perspectiva exterior da sua vida.
No fundo Ema era uma personagem de contrastes, muito controversa e com muitas oscilações comportamentais. Bovary era uma eterna insatisfeita!
Gostei muito de ler este livro e principalmente de o analisar, mostranos o fascínio de determinadas personagens e como todos somos diferentes!

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