sábado, 17 de dezembro de 2011

Apresentação Oral: A Metamorfose

Numa manhã, Gregor Samsa acorda, após sonhos pertubadores, e descobre que se transformou num insecto monstruoso. A partir daí vive numa rotína nova, em que está preso no seu quarto e não pode trabalhar. Gregor, deitado na sua cama, mexe-se muito ao tentar voltar à posição natural, com as asas para cima e as pernas para baixo, na qual teria domínio de seus movimentos.Aos poucos todos se acostumam com a nova forma de Gregor, e convivem com ela, cada um da sua maneira. No final, com a morte de Gregor, todos ficam aliviados.
A leitura da obra “Metamorfose”, de Franz Kafka é extremamente actual, apesar de ter sido escrita em 1912. Kafka apresenta-nos uma metáfora do mundo moderno onde ficamos presos nas rotinas da vida, e quando perdemos essas rotinas ou parte delas depois de elas fazerem parte integrante de nós próprios, perdemos a nossa forma e não nos conseguimos mover ou evoluir, o que nos aprisiona dentro de uma insignificante carapaça de insecto metafórica, diante da máquina burocrática do estado, numa forma torturada e dolorosa, um estorvo para a família e amigos que não têm nenhuma escolha senão cuidar de nós de uma forma tão penosa que na verdade estão a abandonar-nos na nossa forma frágil, doente e amargurada (como é demonstrado por Gregor pela sua forma de agir para com a empregada, a única que falava com ele), exilados por aqueles que cuidámos (de várias formas diferentes), aqueles que durante a vida rotineira mantivemos mais perto, até à nossa morte lenta. Neste livro, fica evidente a desesperança do ser, o pessimismo com relação ao futuro, a falta de respostas às questões mais simples e às mais profundas.
Mas na morte veio algo inesperado, uma certa felicidade, por falta de uma palavra certa. Gregor, ao morrer, percebeu que a sua metarmofose para um ser de tal forma inferior permitiu uma evolução daqueles de que cuidava pois já não podiam contar em Gregor. A irmã de Gregor desistiu do seu sonho de tocar violino e começou a trabalhar, o seu pai que passava os dias sentado levantou-se e arranjou emprego num banco e a sua mãe começou a cozer roupa em troca de dinheiro. A metamorfose de Gregor, O membro da família activo mas ao mesmo tempo preso numa ''corrente'' de rotínas, num ser cuja a existência não é nada excepto dor, permitiu à sua família passar pela sua própria metamorfose, da inércia para o movimento, da escuridão para o sol.
Gregor percebeu isto e por isso ficou feliz ao morrer, pois sabia que com o desaparecimento do Gregor humano do mundo, tinha deixado uma marca nas pessoas que conheceu. Os membros da família de Gregor, ao verem-se finalmente livres de Gregor, tiraram um dia para si, para estarem juntos na luz do dia fora da casa, livres das suas próprias rotinas, que eram apenas superficiais, quebradas por Gregor, assim estando em liberdade, como se Gregor fosse algo que nunca tivesse existido.
Mas o pai durante o passeio diz à família que no dia a seguir despediriam a empregada, que, na morte de Gregor, apesar de ser a única que ainda entrava em contacto com Gregor e cuidava dele, mandou-o para o lixo sem grande pesar, como as enfermeiras de um lar que cuidam e interagem com os idosos e depois da morte desses idosos, continuam a limpar e removem friamente a carcaça velha dessas pessoas metamorfadas e inutilisaveis, para repor o que lá estava por outros, e com a afirmação do pai de Gregor, os membros da família mostra que se não tinham esquecido verdadeiramente dele, que ele ainda fazia parte indirecta da vida da família e que ele, apesar de se ter tornado inútil, tinha marcado permanentemente a sua família. Na verdade, para tanto Gregor como para a família, havia prisões metafóricas. Enquanto que Gregor estava preso no seu próprio corpo e nas quatros paredes do seu quarto, a família de Gregor estava presa na sua própria casa e num conjunto de rotinas criadas por eles próprios.
 No fundo, o livro é sobre a transformação e libertação de tanto Gregor como a sua família.

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