segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Apresentação Oral - “O Encoberto” e “O Bandarra”


O Encoberto
Que símbolo fecundo
Vem na aurora ansiosa?
Na Cruz Morta do Mundo
A Vida, que é a Rosa.

 Que símbolo divino
 Traz o dia já visto?
 Na Cruz, que é o Destino,
 A Rosa, que é o Cristo.

Que símbolo final
Mostra o sol já desperto?
Na Cruz morta e fatal
A Rosa do Encoberto.

Fernando Pessoa inicia o seu poema, questionando retoricamente quem será o símbolo perfeito para uma nova religião, aquele que substituirá Cristo na cruz. Quando se refere a uma “aurora ansiosa”, fomenta a ideia que algo quer renascer, como um dia que se renova. O autor acaba por responder a sua pergunta dizendo que é a Rosa, a vida que vai tomar o lugar “Na cruz morta do mundo”, esta advertência refere-se a uma ordem maçónica direta a ordem Rosa-Cruz. A Rosa nesta estrofe simboliza a vida, a Cruz também é um símbolo, representado a morte.
O símbolo que na primeira estrofe era fecundo, agora também é algo divino. Esse símbolo que “Traz o dia já visto” , é algo que já se adivinhava.  Cruz representa nesta estrofe o sofrimento que é o destino. A Rosa é Cristo.
            O Símbolo fecundo e divino agora também é final, pois é definitivo e traz o império final, o império espiritual. Nesta estrofe há uma revelação do mistério, o conhecimento completo.

O Bandarra

Sonhava, anónimo e disperso,
Império por Deus mesmo visto,
Confuso como universo,
E plebeu de Jesus Cristo.

Não foi nem santo nem herói,
Mas Deus sagrou com Seu sinal
Este, cujo coração foi
Não português, mas Portugal      
Este poema relaciona-se bastante com o poema “Ilhas Afortunadas” pois Fernando Pessoa diz-nos em forma de aviso a chegada de D. Sebastião. Aqui não se trata de um regresso físico mas espiritual, em Símbolo.
                O primeiro a comunicar o regresso de D. Sebastião, mesmo antes do seu nascimento, foi “O Bandarra”, chamado Gonçalo Annes, era um sapateiro humilde e profeta popular. Foi o criador das Trovas, que aparecem como referência a um Rei Encoberto, calcula-se que Pessoa encontrou ai uma grande inspiração para o seu texto.
                O autor descreve-nos o espírito de Bandarra. Ele vivia muito a base dos seus sonhos, não sendo nenhum sábio nem tendo a certeza de nada. Foi escolhido, mas não pelo seu estatuto social, monetário ou pela sua educação. Bandarra era um profeta, que tinha sonhos confusos, como o universo, mas ate este faz sentido, e por isso Pessoa defende o sentido que as Trovas têm.
                Por fim, Bandarra não era conhecido pelos seus feitos nem coragem, mas foi o eleito por Deus para dar a Boa Nova.

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