domingo, 9 de dezembro de 2012

Noite e Tormenta



   Os meus poemas são “Noite” e “Tormenta”. Fazem parte da terceira subdivisão da terceira parte da obra de Fernando Pessoa.
   A “Noite” é a primeira parte do desenvolvimento do quinto império.
   Na primeira estrofe, Pessoa dá-nos a conhecer a história que se sucedeu em 1501 quando Gaspar Corte Real partiu em direcção ao continente americano e nunca mais foi visto. Em 1502, o seu irmão Miguel Corte Real partiu á sua procura, acabando também por nunca mais ser visto. Esta primeira estrofe relata-nos assim a morte do primeiro irmão e o início da busca do segundo.
   Na segunda estrofe, o desaparecimento dos dois irmãos torna-se um enigma, um mistério, um mito… Pessoa faz referência a Deus, como já é hábito ao longo de toda a obra, dizendo que controla o mar e o destino dos Portugueses, aqui representados pelos dois irmãos. O terceiro irmão, Vasco Corte Real, ficou sozinho, impossibilitado de ir á procura dos seus irmãos por parte do rei, ficando assim na angústia e sofrimento. Esta referência de sofrimento e angústia serve também para a situação que Portugal vive enquanto nação.
   Na terceira estrofe, Vasco é eleito sucessor do seu pai e ganha um alto cargo e passa a residir na Casa do Capitão, nos Açores. Vive com as memórias, com o sentimento de culpa, mantendo sempre a esperança de que os seus irmãos regressem.
   Na quarta estrofe, Pessoa utiliza uma metáfora entre a morte dos irmãos e todo o mistério, e os elementos da revelação. Ou seja, Pessoa torna a tragédia de uma família numa tragédia universal de uma nação. Como que a morte que os atingiu fosse reveladora do destino. O poder e o renome aqui mencionados são, Gaspar e Miguel.
   Na quinta estrofe, Pessoa transfere o drama de uma família para uma nação inteira, onde Vasco na sua solidão, angústia e intranquilidade, representa todos os Portugueses. Pessoa deseja a saída do abismo, como salvação uma procura espiritual. Mas existe uma certa dificuldade em encontra-la, porque Deus é que controla tudo.
   O poema a “Tormenta”, que surge depois da “Noite” como forma de demostrar a realidade que aparece sempre velada, escondida pela noite, representa o começo da agitação de uma nova vida.
   Na primeira estrofe existe uma passagem que nos faz lembrar outra passagem anterior que é: “Deus ao mar o perigo e o abismo deu” no poema “Mar Português”, aqui significa o fundo do mar que representa o infinito em contraponto á realidade finita do Homem. Pessoa diz-nos que o que reside no abismo sob o mar que se ergue é Portugal, o poder ser, ou seja, a essência só pode residir no infinito á espera de se concretizar.
   Na segunda estrofe, o poeta diz-nos que não é apenas uma inquietação que move o dever ser na direcção da realidade, é também o mistério que a noite é fausto (Fausto era uma lenda medieval, que conta a historia de um homem que vendeu a alma ao diabo em troca de riqueza e conhecimento), isto pode significar que a noite como fausto, quer o conhecimento, não se contenta em estar apenas a escuridão, seja qual for o custo desse conhecimento.

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