quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Interpretação do quadro

Estava um dia nublado, sem luz. sem vida, sem alegria.
Francisca e António eram um casal que vivia numa praceta perto do Largo do Chiado em Lisboa.
Já estavam juntos há 10 anos e o seu maior sonho era um dia virem a ter filhos, mas infelizmente esse sonho não lhes foi concebido. Em vários anos de tentativas tudo o que obtiveram foi desgostos e falsas esperanças.
Francisca trabalhava numa botique com duas amigas. Faziam a roupa por encomenda às senhoras mais idosas e tradicionais ali do Chiado e António, um sapateiro dedicado e trabalhador.
Embora o amor que sentissem um pelo outro fosse inabalável, acabaram por cair numa rotina. Para além dos amigos não tinham mais ninguém perto deles qu os fizesse desviar desse roteiro do quotidiano.
Todos os diasregressavam a casa, e este sem excepcção, para o conforto da presença um do outro. Francisca a pensar nas conversas e fofoquices que tivera na botique durante o dia, sentada ao piano, tocava notas soltas imitindo apenas sons sem qualquer harmonia, projetando o seu poensamento e olhar para o vazio. E António quee chegava cansado a casa, sentava-se à mesa e ler o jornal do dia.
Existe um partilha  de espaço e de certo de sentimentos, mas a tristeza que sentiam todos os dias ao abrirem a porta e não terem nenhuma criança a saltar, a gritar, a querer contar o seu dia e a quem fazer o jangtar fazia-se sentir.
Ambos queriam essa felicidade, mas resignaram-se à sua vida rotineira, em que todos os dias pareciam nublados e não apenas este.

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