segunda-feira, 13 de junho de 2011

"Alice no país das Maravilha

Nesta obra “Alice no País Maravilhas” de Lewis Carrol a acção ocorre num mundo extraordinário com criaturas imaginárias e em que várias coisas inesperadas, estranhas e sem razão de ser, acontecem. No fundo este livro é tido como um livro destinado a crianças, basicamente porque de certa forma este livro retrata o pensamento das crianças e da sua fértil imaginação.
Contudo, este livro não se trata apenas de um livro para crianças, porque este livro remete para temas que não são de todo, para crianças. De entre eles, muitos interessaram-me, porém houve um assunto que particularmente me despertou a atenção, devido ao facto, de ser um assunto actual e estar aqui representado de uma maneira bastante diferente daquilo que deveria ser: a justiça. Posto isto, optei por fazer a minha tese com base neste tema.
Ao ler esta obra pude constatar que o critério de justiça encontra-se no mínimo desajustado e não é de todo o que seria de esperar que fosse o critério de justiça, pois resumindo é precisamente o oposto, o inesperado.
À medida que fui lendo a obra fui detectando várias disparidades relativamente ao suposto conceito de justiça actual, ou seja, existe um abuso de poder, em que o que tem maior poder se apodera do que tem menos poder, em que quem tem mais poder o utiliza de forma arbitrária(da maneira que mais lhe convém) e exagerada e onde a justiça que deveria ser imparcial é parcial.
Aqui está o primeiro caso onde pude detectar falhas ao nível da justiça:
 Disse a Fúria ao rato, que encontrou no quintal: Vamos ao tribunal para te condenar por injúria capital. Não podes negar, temos de te julgar porque a manhã é bela, e tenho muito vagar. Disse o rato pr’á cadela: Nenhum auto resultaria de tanta balela; sem jurado nem juiz, de nada te serviria. Serei juiz e jurada, disse a Fúria endiabrada, pois era ideia dela comê-lo de cabidela ou senão caldeirada.”
Neste excerto a justiça é utilizada como meio da Fúria alcançar um objectivo- que neste caso é comer o Rato. Neste caso, a Fúria serve-se da justiça, corrompendo-a , para acusar o Rato de um crime que ele não cometeu.
Nesta a Fúria faz o papel de juíza e o Rato nem tem o direito de ser réu, pois logo à partida é considerado culpado.
Posto isto, ao ler este excerto verifico que existe grande abuso de poder na medida em que Fúria aproveita a sua condição de maior e mais forte para se alimentar de um animal menor e mais fraco.
Na segunda situação, no julgamento do Valete, o rei e a rainha de copas aproveitam-se do seu elevado estatuto para condenar de forma arbitrária e o principal objectivo de ambos passa por apenas condenar alguém não saber se essa pessoa é realmente culpada de algum tipo de crime.
Ambos usam o seu poder para julgar e condenar quem lhes apetecer mesmo que não haja qualquer motivo, apenas condenam essa pessoa para seu próprio interesse e não de forma justa e correcta no fundo a justiça representada nesta situação é uma justiça completamente arbitrária.
Para ambos, o que realmente lhes interessa é que haja julgamento e que seja instalada a confusão apenas para atrair público e para poderem demonstrar o quão grande é o seu poder e a sua autoridade.
A justiça representada nesta situação apresenta-se como um justiça arbitrária, parcial , corrompida e distorcida, sendo precisamente o contrário da justiça que é pedida num regime democrático. É também uma justiça absoluta onde o poder está concentrado apenas em duas pessoas, assemelhando-se um pouco à justiça de uma monarquia absoluta, o que para mim não é de todo correcto, na minha opinião a justiça deveria ser dividida por várias pessoas.
Em suma, nesta obra quando se fala de justiça fala-se de uma justiça condicionada, parcial, arbitrária, corrompida, falsa. Um dos principais pontos pelo qual esta justiça nem sequer tem o direito de ser chamada justiça, deve-se ao facto desta justiça não ter como critério a verdade e a imparcialidade.
Por isso, na minha opinião a justiça representada nesta obra por Lewis Carrol não é de todo uma justiça correcta, mas infelizmente se reflectirmos bem sobre ela e a compararmos com a justiça actual verificamos que tem alguns pontos em comum.
Posto isto, a justiça aqui apresentada neste país por Lewis Carrol, nem deveria ser considerada justiça, mas infelizmente na sociedade actual em que vivemos, está-se a tornar cada vez mais comum este tipo de justiça, sendo nas decisões dos tribunais onde se verificam maiores injustiças, protegendo os de maior poder e penalizando os que mais precisam.

Sem comentários:

Enviar um comentário